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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Hoje: um estar... / por O.Heinze

Perguntei ao pássaro
o que esperar do amanhã?
E ele nada respondeu,
sequer conhacia esse advérbio.
E ontem, o anteontem,
tens lembranças boas?
Ao mes passado, onde passaras,
onde dormiras, onde acordaras?
Ele me olhou para além,
igual se eu fosse transparente.
Cantou, cantou, voou...
Pousou no galho à frente.
Em si toda alegria, vida!
Em mim o entusiasmo
em receber este presente:
de estar hoje feito o pássaro.
Volte alma, podes voltar!
Desça já desse galho!
Em tua luz me espalho,
por hoje basta de voar...

Santo André, 23/10/2019.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O amor... / por O.Heinze

O amor...

Dizem tanto do amor,

mas o amor é indizível.

Quem realmente o conheceu

nunca o soube explicar.

Mas porque trouxe a esta vida

um tanto da alma

que é imaculada, o sabe.

Quando isto acontece

a pessoa se sente um tanto tola,

não por estar amando,

mas por se sentir

puro e ingênuo por uns tempos,

somente por uns tempos sim,

porque a alma na sua sublimação,

não pode se expor tanto nesta energia baixa.

Esta pessoa se apercebe

da sua capacidade angelical.

Sim, podemos ser anjos ou demônios,

tudo é uma questão de escolha.

Talvez por isso mesmo

dizem que uma pessoa sem amor não tem alma

e outra pessoa chegar a irradiar luz.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Parábola da Borboleta / por O.Heinze

No deserto desta existência 
vive um arbusto fecundo, 
de uma generosidade pura, 
desinteressada e contínua... 
Certa feita, uma linda borboleta 
passou em seu voo tristemente, 
então, a planta fez desabrochar 
uma flor temporã exuberante,
rica em néctares e cores, 
para fazer vida à borboleta. 
Esta, atraída, pousou na flor, 
fazendo uma pétala cair, 
e assim acontecia em cada vez 
que a borboleta descia à flor, 
pois era um tanto indelicada, 
inconsequente e afobada, 
mas adorava sentir a doçura 
do coração da flor encantada. 
Um dia ela derrubou a última pétala 
e o coração da flor deitou.
Sem ter mais a flor para pousar,
a borboleta ficou sem chão 
e tudo em redor eram cactos e areão. 
Triste a borboleta voou sem caminhos, 
com sede de amor só e cansada,
morrendo sobre os seus espinhos.

O Encontro por / O.Heinze


Eis que todos queremos ser protagonizados nesta experiência de vida, pondo a cabeça mais alto para sermos mais vistos que os demais e assistirmos tudo de cima para baixo, mas... Se não passamos de um bando de zebras, apenas com listras diversas e que tão somente nos distinguimos aos olhos do Criador... Talvez se perdermos nossas listras que nos encarceram no orgulho, poderíamos ser portadores de asas de luz e então, abençoarmos do alto os que insistem em rastejar no egoísmo, na prepotência, no descaso, na ignorância?!... E pararíamos de digladiar por um poder mesquinho e insano. Mas dia virá que nos preencheremos de amor; compaixão; pureza; verdade e sublimação e nossa alma elevará e expandirá ao ponto de sentirmos Deus na essência. Ele adentrará nossa consciência e nos mostraremos por inteiro. Deus nos revelará o porque das mazelas da vida, então, jamais seremos os mesmos e o mundo se nos parecerá outro. Repararemos mais nas flores, animais, nuvens, marés e o passear do sol e da lua. Perceberemos o quanto estamos afastados da Criação e de nós mesmos. Entenderemos que se o planeta morrer antes da nossa evolução, bem, amargaremos uma falta de chão que parecerá pesadamente vazia e eterna.

Cotidiano de humano / por O.Heinze

Hoje um sol gigante
nasceu todo meu
logo me reconheceu
abriu um sorriso radiante
e seu abraço me aqueceu.


As nuvens não levantaram
no céu de azul irreal
não ouvi o velho pardal
mas ararinhas voaram
e seus gritos me alegraram.


A brisa soprou ar quente
balançando as plantas
borboletas... eram tantas...
agora vejo raramente
pairando por estas bandas.


Toda essa cidade grande
engoliu a mata em cores
no asfalto não nascem flores
na rua não passa elefante
nascem mais automotores.


Tudo quase já é concreto
com exceção do meu sonhar
que nada me poderia roubar
pois que é tão secreto
difícil até de eu achar.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Eu já fui rico / por O.Heinze

Eu já fui rico.
Havia escondido sob minhas terras tonelas e mais toneladas de ouro, prata e pedras das mais preciosas.
Mas piratas me saquearam quase tudo, os malditos!
Contudo, ainda possuía milhares de hectares de florestas litorâneas, onde um tipo de árvore muito especial possuía uma seiva vermelha feito sangue. Foi muito o sangue que fizeram dessas árvores, os tais corsários sem escrúpulos.
Haviam ainda sobre todas as minhas terras milhares de gentes nativas, que foram barbarizadas e aniquiladas por esses tais seres sem alma, vindos dos infernos.
Os tais navegantes ladrões não tinham limites. Na ânsia de enriquecerem ainda mais iam cometendo todo tipo de atrocidade. Essa estirpe do mal só fez crescer por aqui.
Começaram a roubar tribos de pessoas de cor de outro grande continente para serem vendidos e escravizados nos meus territórios santos.
Na somatória de tanto sacrilégio fui enfraquecendo, adoecendo ano após ano. Estou perto de desistir de tudo, pois muita coisa já dezimaram. Desviaram e poluiram meus rios. O extenso oceano que se me encosta está morto, sujo, sem vida.
O céu já sem estrelas é aquário de poluições, onde os perfumes já não tomam o ar, pois não há perfumes, não há ar.
E o que vejo atualmente ao olhar tanto progresso são:
a devastidão e devassidão.
Muitos esqueceram de mim, de quem eu sou. Então eu me reapresento. Meu nome é Brasil.

Acredite se quiser / por O.Heinze

Estava eu aqui pensando...
O ser mulher - acho - busca um homem quase que perfeito para ter uma união estável e feliz, seja em matrimônio, ou em parceria de vida.
Pois bem... Achei sempre ser eu um bom partido, afinal, meu currículo não é de se jogar fora:
Nome: Osvaldo Heinze
Altura: 1.70m.
Peso: 63kg.
Olhos: verdes.
Cabelos: castanhos grisalhos.
Escolaridade: ensino médio completo
Profissão: marceneiro.
Hobby: pintor artístico; escultor; desenhista; violonista; cantor; compositor; escritor; fotógrafo; ambientalista; jardineiro; corredor de rua, rotina de exercicios; por frutas nas árvores para os passarinhos e água doce para os colibrís; praticante da meditação. Entendo de moda, maquiagem e etiqueta.
Religião: Deus; respeitador de todas religiões, seitas etc.
Outras funções: dono de casa em todas as tarefas de limpeza da casa; lavar roupa; lavar louça; passar; cozinhar; manutenção de carro; manutenção da oficina; manutenção da casa em: hidráulica; elétrica, um tanto de eletrônica, pintura, jardinagem; compras de mercado e feira; idas ao banco; cuidar da cachorrinha de estimação; outras coisas que agora não lembro...
Demais considerações: sou educado, cortez, romântico, carinhoso, fraterno e pontual em horários. Choro assistindo filmes tristes. Adoro presentear com flores, bichinhos de pelúcia e deixar bilhetinhos ou mensagens de carinho. Ah... Quanto àquilo??? Não, não sou de agir feito um galo. Também não sou machista, racista ou preconceituoso. Sou fiel à mulher a quem amo e adoro beijar-lhe as mãos. Não bebo, fumo, nem jogo em jogos de azar. Sou lácteo vegetariano. Amo crianças, a paz e a Natureza. Vejo na mulher uma inspiração para a vida e sou seu fã incondicional.
Acreditem... Ao saberem de mim, muitas mulheres sequer começaram um romance comigo. Muito provavelmente acharam que eu estava mentindo, ou nem era deste planeta.
Outras, que chagaram a ficar por um tempo em uma relação, não suportaram a rotina com alguém assim tão certinho feito eu.
Bem... Só posso sentir por essas mulheres, pois poderão vir a sofrer nas mãos de malandros, desocupados, exploradores, violentos, ilusionistas, traidores, enganadores e outros tantos tipos dessa estirpe. Ou não, podem encontrar alguém que satisfaça seu querer plenamente, afinal, gosto não se discute.

Parábola da Borboleta / por O.Heinze

No deserto desta existência
vive um arbusto fecundo,
de uma generosidade pura,
desinteressada e contínua...
Certa feita, uma linda borboleta
passou em seu voo tristemente,
então, a planta fez desabrochar
uma flor temporã exuberante,
rica em néctares e cores,
para fazer vida à borboleta.
Esta, atraída, pousou na flor,
fazendo uma pétala cair,
e assim acontecia em cada vez
que a borboleta descia à flor,
pois era um tanto indelicada,
inconsequente e afobada,
mas adorava sentir a doçura
do coração da flor encantada.
Um dia ela derrubou a última pétala
e o coração da flor deitou.
Sem ter mais a flor para pousar
a borboleta ficou sem chão
e tudo em redor eram cactos e areião.
Triste a borboleta voou sem caminhos,
com sede de amor, só e cansada,
morrendo sobre os seus espinhos.


Santo André, 29 e 30 de junho de 2019.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Ser Camaleão por O.Heinze

Minha essência é negra
mas me revestiram de branco
na pele e na educação
e azul é a cor de meu olhar.
Meus cabelos são claros e lisos
e meu sobrenome é europeu.
Mas amo o povo africano,
sua dança, seus costumes
e sua ancestralidade.
Porém, minha alma é além
e posso saber ser um ser amarelo
enquanto pratico arte marcial;
ser vermelho quando subo em árvores
e corro nas campinas
ou mergulho em lagoas;
ser invisível quando medito e me transporto;
ser transparente na minha verdade;
ser verde ao abraçar uma árvore;
ser cinza na tristeza de ver um mundo
distante de si mesmo, morrendo;
ser preto dentro de um luto,
pois luto pelo amor
que igualaria as cores
ao ponto de misturá-las
produzindo tantas variações outras
de cores que ao mundo dariam vida.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Alimento da Alma / por O.Heinze


O amor,
semelhante à flor,
nasce de um coração verde,
mas em se abrindo,
mostra toda sua cor
colorindo... colorindo...
em êxtase de fulgor,
chegando a perfumar inteiro,
pois já tão maduro, verdadeiro,
explode em um gozo de dor,
não se suporta, despetala,
caindo em água que iguala,
em um assim, quase morrer,
das lágrimas que o cala,
pois na vida não existe fala,
com palavra que o pudesse dizer.

Minha Riqueza Eterna / por O.Heinze

Dizem que se mede a importância de alguém pelo que ela juntou na vida.
Eu tenho tanta coisa conquistada e ganhada que nem sei bem mensurar.
Acho que já guardei através do olhar, mais de um milhão de flores;
já ouvi direcionado à mim milhares de -bom dias!;
quantos não foram os abraços apertaaados que me receberam;
os apertos de mãos olhos nos olhos;
e os sorrisos... Ah os sorrisos que fizeram meus dias mais felizes;
as lágrimas de dor ou de alegria pura que me fizeram uma pessoa melhor;
as gargalhadas que me levaram de volta à infância;
o pão nosso de cada dia, acho que foram mais de 21 mil deles;
e goles de água, ah esse líquido sem igual, precioso, que nunca me faltou;
e os nasceres e pores de sol... Ouro do melhor quilate;
agora quantas vezes respirei? Nossa, perdi até o fôlego só de tentar contar;
e minhas pernas, quantos passos me levaram por essa vida afora onde vi tanta fauna e flora...;
Até casa própria eu ganhei e é enorme, lindamente decorada.
Dou-lhe o nome de planeta amado. Outros chamam-na de Terra.
Enfim sou uma pessoa rica de tudo e mais além... Quando reclamo é tão somente para variar,
não achar que minha vida não precisa de mais nada
e continuar ganhando as verdadeiras riquezas deste mundo.
Sei que um dia essa terra haverá de me comer
e terá devolvido de mim tudo quanto usei para me manter de carne e osso.
Se por ventura minha alma continuar, então estarei pleno de luz,
essa mesma formada de amor e gratidão.

Jaula de inocentes / por O.Heinze

Foi tanto o tempo 
sem ter você por perto 
preferiria jamais 
ter lhe conhecido. 
Antes eu era pleno 
agora há um vazio 
que nada preenche 
que não termina... 
Um certo dia 
você voltará aqui
 e nesse dia bendito 
sei que estará 
inteira para mim 
eu estarei inteiro 
com você, para você 
mas talvez 
eu não lhe queira 
pois o que será 
depois de tanto amor 
comunhão, êxtase? 
O cansaço a saciedade 
a conquista o poder. 
Quem tudo pode 
nada tem! 
Ah o durante... 
Não e o começo
 nem é o final. 
O durante é o incapturável 
o indominável o invisível. 
Um sentir que não se repetirá. 
É uma vez para nunca mais. 
Ah o durante... 
Jaula de inocentes. 


Lembra quando a gente foi criança? / por O.Heinze

Lembra quando a gente foi criança?!
Começávamos a rir por nada 
e não conseguíamos mais ficar sérios, 
doía até o maxilar. 
Quantas vezes procuramos esperanças 
nas plantas dos jardins, 
achávamos que elas nos trariam sorte. 
E o louva-deus que corria de nós, 
afinal, não o deixávamos em paz. 
Nos corredores ao lado das casas, 
corríamos para ver quem alcançava o outro, 
e ainda tinham as escadarias 
que deixavam a gente com a lingua de fora. 
Foi tanta coisa que fizemos juntos... 
Pular corda, contar mentira, piada, 
fomos ao parque de brinquedos e nos balançamos, 
rimos muito notando que as pessoas nos olhavam 
para ver se estávamos aprontando alguma. 
Fazíamos o lanche e o almoço juntos, nossa... 
Éramos inseparáveis! 
Soltamos pipa na praça. 
Uma vez você subio na árvore para pegar frutas 
e atirava para mim lá abaixo... 
Oh meu Deus, que tempo lindo... 
Quanta flor não roubei das calçadas, 
só porque a gente gostava 
de enfeitar um vasinho preso à parede, 
no local onde nós mais parávamos. 
Eu dançava desengonçado, 
só para fazer você torcer o nariz e rir sem dó. 
Volta e meia cantávamos alguma música, 
quando não sabíamos a letra, a gente ia inventando. 
Teve àquela vez que fomos para a praia 
e à tardinha saímos à procurar conchas... 
Andamos tanto, enquanto fazíamos planos 
do que faríamos depois do jantar... 
Hahahaaa... 
Mal acabamos de jantar e capotamos de sono!  
Bem... Só que deixamos de ser crianças, 
ficamos adultos novamente, 
estamos sem graça, sem esperanças,
 sem danças, sem conchas e pipas, 
sem flores e doces, sem corridas e risadas, 
sem balanços e cores, sem poesia e cantos, 
sem café com bolo, sem abraços e beijos delicados, 
sem olhar nos olhos, sem rir até doer... 
Estamos adultos e ficamos sérios demais. 
Nossas almas nem estão mais tão leves 
e nossos corações têm medo de amar livremente. 
Sabemos bem, por agora, ter saudades e chorar. 
Mas àquelas crianças ainda existem, 
estão prontas para voltar, 
continuam em nós para fazer a vida feliz 
assim que quisermos... 
Então fica o embate 
de quem é mais precioso: 
a criança ou o adulto?!

Uma Flor por Outra /por O.Heinze

Oh roseira bendita 
tão frágil tu nascestes 
de um galho, acreditas?! 
Quão bom que vivestes. 
Plantei-te para alguém 
que florira nossas vidas 
que fizera todo o bem 
no amor e nas lidas. 
Tu, roseira verde 
crescestes alta e forte 
mas queria tanto ver-te 
florida em belo porte. 
Mas tu não floriras não 
vivias simples por agora 
ser alvo de minha atenção 
tão somente a senhora. 
Em um dia cinza e triste 
essa mulher foi-se do nada 
e minha vontade tu cumpristes 
ao brotares a primeira florada. 
Vês? Deus não abandonas! 
Agora somos tu e eu. 
Perdemos nossa doce dona 
mas vivemos dos perfumes teus.

O quarto das escolhas. por O.Heinze

Imagine-se dentro de um quarto escuro, 
pequeno e apertado, 
com duas pequenas janelas de luz, 
uma entrada de ar, 
duas entradas de som, 
uma porta para receber coisas, 
duas para se desfazer delas 
e que você viverá toda uma vida aí dentro, 
sem jamais poder sair, 
você ansiará desesperadamente expandir-se, 
ir além, mas não poderá. 
Transfira agora essa situação 
para seus órgãos internos. 
Você é o quarto e eles estão fadados 
à viver toda uma vida de clausura. 
Você é quem selecionará 
o que receberá pelas janelas de luz, 
entradas de ar e som, 
pela porta de recepção. 
Consequentemente as coisas 
que irão sair pelas outras duas portas. 
Você manterá a manutenção interna desse quarto, 
para que ele seja o mais organizado possível 
e assim, externamente, se manterá igualmente bem. 
Você selecionará o que irá comer, beber, 
ouvir, respirar, enxergar, dormir, sentir, 
exercitar, trabalhar, estudar, amar, sonhar, 
sorrir, sofrer, chorar, etc. 
Somente você será responsável por esse único quarto. 
Um quarto somente, 
que valerá uma vida 
bem vivida ou não.