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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Flor negra do mago / por O.Heinze

Achei uma flor negra
de incomparável beleza
perdida à margem do lago.
Em sendo eu este mago
fiz dela a minha poção
enfeitiçando meu coração.
Quis tanto fazer-lhe um afago...
Mas a flor estava presa
por raízes fundas no presente
se sentindo só e indefesa
não podia fazer diferente.
Continuaria ali plantada
observando o mago passando
por essa paixão encantada
de ambos se desejando...


(para minha querida Jo)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Desejo de hoje










"Andarilho"
 Desenho de O.Heinze de setembro de 1982.









Desejo de hoje / por O.Heinze

Desejo hoje ir
para o melhor lugar,
mas que jamais fui antes.
E encontrar com pessoas
que nunca havia conhecido.
Enxergar, escutar, sentir o novo.
Poder limpar a mente
o coração e a alma
do vício das coisas da vida,
as manias e horários,
o saudável ou venenoso
já tão sem sentido.
Bater a cabeça na pedra,
perder a memória, a razão.
Poder ser louco sem medo,
pois ninguém me condenará.
E tudo será liberdade.
Não terei mágoa nem amor,
preferência alguma.
Renascerei outro
neste corpo maduro
e um eu puro e de ninguém
chorará sem nem saber porque.
E leve igual o total vazio
me sentirei nem de mim,
enquanto serei inteiramente
a ligação do céu
com o alto da montanha...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Virei o cão














Foto de minha amiga de todo dia: 
Nenê Pituxa







Virei o cão / por O.Heinze

Se eu fosse
um cão sem dono
acho que pensaria:
“Também sinto dor, fome, frio,
comuniquei através do olhar,
por quê me baniram do lar?”
Ou ainda:
“Pobre ser humano sem cão,
vivendo nessa triste solidão.”
E voltando a pensar feito gente,
fico imaginando onde andariam
os ex-donos desses amimais,
que cansaram de usar e brincar
com a vida desses seres
e os largaram ao deus dará!
Talvez, essas pessoas acham
que é fácil viver virando lixos
atrás de alguns restos de comida
e num andar e andar sem fim
tentando encontrar a rua de casa.
Se eu fosse
um cão sem dono
acho que pensaria:
“Pobre do meu ex-dono,
não tem alma, coração,
vive no maior abandono...”

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Meu nome é passarinho / por O.Heinze

Quando eu morrer
quero ser passarinho
continuar sendo
porque sempre voei
por toda uma vida.
Voar é sempre puro
não é para menos
que anjos tem asas.
Mas ser passarinho
é ser mais que anjo
é sobreviver no inferno
do amor carnal
apagando fogo com lágrimas
muitas vezes lágrimas secas.
O amor é o par de asas
que me sustenta alto.
Quando pouso é porque
minhas asas cansaram
pois que até amar cansa.
Então choro por um minuto
e volto a amar e amar
mais uma vida inteira.