Translate

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Carinho / por O.Heinze

Carinho!
Sabe carinho?
Não precisa nem ser
um monte de beijos
ou uma montanha de abraços,
apenas um gesto.
Carinho!
Gato gosta,
cachorro,
passarinho,
hamster,
gente gosta.
Gente gosta!?
Gosta mesmo?
Carinho!
Alimento maior,
doação gratuita,
que custa tanto distribuir.
Somos gente ou máquinas?
Sinto-me envergonhado ao dar
e receber carinho.
Me de um empurrão.
quem sabe eu consiga
ofertar desse afeto,
que vale mais que tudo.
Me de um puxão.
Quem sabe eu permita
receber desse afeto,
que vale mais que tudo...
antes que seja tarde
e para sempre covardes
sejamos robôs frios e mudos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

E por falar em existir...






















E por falar em existir... / por O.Heinze

Se eu não existisse
não haveria mundo
pois sem mim, o mundo
se chamaria ausência
e sem mim, o universo
se chamaria saudade.
E ausência e saudade
seriam uma coisa só
chamada carência
e nada seria igual
do que se mostra hoje.
As flores não seriam todas
as datas não fariam bodas
a poesia quase que viria
o amor não seria pleno
a história não faria sentido
o Todo não seria inteiro.
Sequer viveríamos nós
nessas mesmas letras.
Igualmente tua presença
é imprescindível
para haver eternidade.
Há quem se diga ninguém
e até parece mesmo ser isso
perante a existencialidade.
Mas tire um de nós dela
e não haveria mais mundo
pois sem você, o mundo
se chamaria ausência
e sem você, o universo
se chamaria saudade.
E ausência e saudade
seriam uma coisa só...

sábado, 13 de abril de 2013

Com a pulga atrás da orelha / por O.Heinze

Sabe seu moço...
eu não tenho sequer sessenta,
mas lembro bem, muito bem,
das manadas, nuvens,
dos cardumes, bandos...
Era tanto bicho livre,
que dava gosto olhar o mundo.

Neste mísero meio século,
danamos com quase tudo.
Essa nossa raça humana
dita tão assim “racional”,
cresceu mais que erva daninha,
consumindo tudo a sua frente.
Do reino animal ”irracional”
o que restou é figurativo.
Triste homenagem besta
usar da sua imagem
para palavreado popular
dando nome as coisas:
tartarugas separando vias;
borboletas enfeitando pescoços;
macacos erguendo veículos;
zebras marcando asfaltos;
piranhas prendendo cabelos;
papagaios nos hospitais;
galos nas cabeças;
percevejos nos papeis;
cavalos nos motores;
mouses nos computadores;
onças nas pesagens;
cucos nos relógios;
pulgas atrás das orelhas;
araras nas roupas, enfim...
Ou só parte deles:
pé-de-cabra;
olho-de-gato;
rabo-de-tatu;
pata-de-vaca;
olho-de-peixe;
unha-de-gato
dente-de-leão...
Um dia, possivelmente,
nós humanos insaciáveis,
faremos parte dessa lista.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Jardim de sol / por O.Heinze

Borboleta no chão
asas já desfazendo
é hora da partida.
Para onde voarás agora
depois de ter passeado
por toda minha poesia?
Haverá lugar além
desta atmosfera de amor
com igual ou maior vida?
Desejo que sim!
Que possas renovar tuas cores
em flores a perder de vista.
Que tua liberdade
seja ainda mais leve
e a tua doçura de alma
a própria eternidade.
Mas se te sentires só
voltes para meus sonhos
naquele sempre jardim de sol.



Foto de O.Heinze