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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Feito prece

Num improvisado vaso
de litro de leite
neste dia do acaso
mergulhei flores de enfeite

dessas achadas no mato
para alegrar minha mesa
e me encantar enquanto cato
saudades com leveza

que voam além das telhas
soltas lá no passado
iguais a essas abelhas
procurando bom melado.

Se asas eu tivesse
não quereria ser anjo
voaria feito prece
nesse amor que esbanjo

retornando naquele instante
cheio de vida e amor
e brilhante igual diamante
colheria você mulher flor...
Entre parênteses / por O.Heinze

No maravilhoso da noite
abriu-se o parêntese
chamado crescente
onde estrelas riscaram
desejos dos mais lindos
onde olhares escreveram
sonhos dos mais doces
onde num espaço incontido
todas as dimensões estavam...

Fechou-se o parêntese
chamado minguante
e a noite escureceu total
e tudo entre parênteses
se foi com o portal
viver simplesmente
num lugar sem nome
endereço, somar dos dias
mas que alguns românticos
chamam de fantasias...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dois pássaros

Ao findar das madrugadas
éramos só eu e um pássaro
e somente ele falava
rompendo nossa solidão.

Ele nem sabia de mim
que estava por perto
ouvindo seus conselhos
e eu então, jamais o vi
para através do olhar
agradecer-lhe a presença.

Após anos seguidos
ouvi sua história cantada
mas seu piar se fez ido
agora, somente nós madrugada...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009


Ainda há tempo

É, as pessoas perderam tempo...
Agora correm atrás dele
em volta dos parques
para lá e para cá nas praias
ou no mesmo lugar em esteiras...

Mas o tempo não tem volta
o tempo perdido não se resgata
e a mente que não mede tempo
vai se abastecendo de pensamentos
que em tempo algum materializaram.

Enquanto isso
cada instante não usado no agora
vira nada, tempo vazio
frustração, talvez, em cada estória
pois não passou de vontade...

É, as pessoas perderam tempo...
Agora correm atrás dele...
E para que correm tanto
se nada alcançarão com isso?...

domingo, 23 de agosto de 2009

Quando eu crescer / por O.Heinze

Quando eu crescer
vou querer ser um ipê
rico em ouro
morando alto
numa casa azul...

Vou querer vizinhos de lei:
jatobá, imbuia,
mogno, pau-brasil...

Aceitarei como visitas
só as importantes:
cigarra, sagüi,
arara, colibri,
besouro, abelha jataí...

A religião para me guiar?...
Sei lá!
Nem vou precisar...
Carta aos terráqueos

Até quando vocês
vão se esconder
atrás de altos muros;
insulfilmes escuros;
máscaras sem furos;
óculos escuros;
egos inseguros;
preconceitos duros
passados obscuros;
vícios burros;
60 X com juros;
por causa de uns
lunáticos impuros?

Cordialmente: Mundo Bem
O.Heinze

domingo, 9 de agosto de 2009

Aos leitores de O. Heinze

Toda magia é especial, transcendente. Porém, o intercâmbio dela entre nós, eu e vocês leitores (as), é além. Estamos mergulhando numa Energia Universal chamada Poesia, experimentamos algo impagável, inexplicável, excitante, apaixonante, Vida!
Gostaria de dar-lhes um abraço pessoalmente, olhar-lhes no olhar e alcançar vossas almas, materialmente, falando. Por ora minha satisfação etérea já é magnífica, afinal, vivemos na Poesia uma outra dimensão, de um Mundo absurdamente possível.
Ora, vejam só! Talvez sejamos tidos por loucos, mas sonhar, iludir no bem, fantasiar, fazer de conta, só faz mal para quem acha que é loucura. Para nós o inimaginável é muito mais que apenas idéias tolas, é um Poder interno que faz o coração acelerar, a alma enternecer e as lágrimas brilharem doces. Faz acreditarmos no hoje, o mundo retomar cores, a Vida voltar ter razão de ser...
Amigos (as) apreciadores da Poesia, Muito Obrigado pela troca de energias que me traz o maior tesouro da vida: a sensação de unificação fraternal...
Jamais deixem de ser crianças...

Abraços fraternos!

Osvaldo Heinze.
Palhaços do asfalto / por O.Heinze

Palhaços sem circo
tomam as avenidas
com roupas coloridas
combinando com semáforos
guloseimas à mão
sorrisos de montão
e nós, a platéia
(toda séria)
em nossos acentos
movidos a motor
temos segundos de paz
lembrando lá atrás
um tempo de amor
de brincadeiras
de palhaçadas
pequenas besteiras
e tantas risadas...
O sinal abre
a frota parte
para onde
ninguém sabe...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Se / por O.Heinze

Se as flores
me emprestassem perfume
as mariposas
o encantamento na luz
o vento
a direção natural
eu encontraria tua magia
mas e para entrar nela?
Como abrir uma tua janela?
Como ter o poder
de colocar a tua
e a minha poesia
numa única poção?
Fazer meu coração teu
e meu teu coração?
Se um anjo me soprasse
eu saberia
se um rio me cantasse
eu saberia
se teus olhos me guardassem
eu saberia...
No próximo sol
nasça também em mim...
Na próxima lua
durma também em mim...
No próximo sonho, sonhe!
Se sonhares comigo
não me acorde
deixa eu ficar...
e nem feches mais
tua janela de amar...

domingo, 14 de junho de 2009



"31 de Outubro"

Obra minha de 2001.

Óleo sobre tela.




"Flores de Marte"

Minha última obra de escultura.

Meu coração... não sei porque... / por O.Heinze

Meu coração de amor
já sonhou muito sonho
do mais puro colorido
mas que com o tempo
em não realizando
perdeu o sentido, o vivo
até descolorir sem dó
chegando no preto e branco
no cinza pretérito
e desencantando, morrer...

Assim, igual colibri
que precisa se colorir
da magia das flores
para se abastecer de vida
também eu busco uma flor
que me faça voar alto
dentro de um sonho de cores
essas cores impossíveis aos olhos
e tão sublimes no coração...
A flor perfeita / por O.Heinze

A flor perfeita
tem pétalas oferecidas
perfume singular
néctar a lhe sobrar.

É toda misteriosa
doce e carnívora
má e benigna.

Vinda de uma planta
atraente, vigorosa
inteira formosa.

Plantada no amor
da vida incontida
fazendo-se florida
dia sim, dia não
em qualquer estação...
Regador de jardim / por O.Heinze

Todos teus momentos
contém flores.
Repara:
nos nascimentos
casamentos
aniversários
nos poemas, diários
nos sonhos acordados
nos sonhos dormindo
nas eternas lembranças
das valsas, cirandas
dos parques, varandas
e ainda as voando
nos passeios da alma
ou fantasias da calma...
Feliz de ti e muito
por regares volta e meia
essas flores floridas
do jardim tua vida...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Rua santa / por O.Heinze

Minha vida
são pingos pretos
em cubos brancos
que rolam felizes
ao lado de matizes
verde, amarelo
azul, vermelho
no Om do espelho.

No tabuleiro
durante o ludo
se joga paz
tanto, que iludo
adormeço, mas...

Sonho com coisas
mágicas tais
que ao despertar
não lembro mais.

Aí crio coragem
chamo meu cavalo-de-pau
fiel, no quintal
e saio na rua de terra
numa santa guerra
caçando siriris
peões coloridos
bolas de vidros
e restos do sonho...

sábado, 28 de março de 2009

Varal do verão / por O.Heinze

Quando a brisa fresca
for empurrando o verão
para outras bandas
dependurarei no varal
da minha mente
lembranças ensolaradas
cheias de cores
e aromas adocicados
e lá elas ficarão
a balançar num aceno
durante mais ou menos
duzentos e setenta dias
num misto de saudade
e de esperança do calor.
E como fundo do varal
a paisagem correrá
ora paixão, ora vazia
passando o filme cotidiano
da minha vida
até o verão regressar
da sua longa viagem...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mulher Fada / por O.Heinze

Vivo procurando tua imagem
a tua verdadeira
pois minha imaginação é nada
tentando te idealizar...

Vou, te busco nas flores
te chamando em eco...
mas não tenho resposta
talvez por não te chamares Fada.

Busco então tua alma
noutra dimensão
e te acho pela energia
te sentindo inteira:

todo perfume
toda cor e lume
todo encantamento
forte envolvimento

mas a forma do corpo
minha visão tenta, tenta
Ah a forma do corpo
segue atrás desta venda...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Chovia na sexta treze / por O.Heinze

Ah como chovia
seguidamente
enxaguando o dia
a alma, a mente...

Tão triste chovia
que na janela
da chuva escorria
o choro dela...

Minha atenção
passou a vidraça
e viu toda ação
que havia na praça...

Sob capas, num penar
pombos sem esperança
encharcados a pensar
talvez em bonança...

Abri as folhas transparentes
para ouvir a sinfônica
tocada por passos de gente
e nuvens harmônicas...

E conversando na chuva
num linguajar chuvanhol
ouvia-se dos guarda-chuvas
assuntos de dias de sol...

sábado, 31 de janeiro de 2009

Compra-se amor / por O.Heinze

Tantas lojas e ruas
com todo tipo de gente
de corpos presentes
cabeças na lua
olhares ausentes.

Em roupas belas ou cruas
pelo lado de fora
e por dentro? Ora... ora...
Igualmente nuas.

Mais lojas e ruas
menos a que preciso.
Procuro onde venda
um largo sorriso
um abraço apertado
um olhos nos olhos
meio envergonhado.

E se por força do acaso
quem nessa loja atender
não quiser me vender
mas sim trocar isso tudo...
me deixarei flutuar
num beijo longo e carnudo
no grátis de se amar...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Amor entre estrelas / por O.Heinze

Que impiedosa sina
minha doce sereia
tu não podes ser menina.
E eu então?
Nunca me farei tritão
sou alguém das areias.

Mas enquanto de madrugada
as naus descansam seus mastros
nas areias ficam marcadas
o encontro de teus rastros
com minhas novas pegadas

e ali nos amamos tanto
sob um céu de puro encanto
que a noite parece eterna
mas ao ficarmos sozinhos
você sonha em ter pernas
e eu em ser golfinho.

E igual a gaivota que mergulha
desejosa de se tornar mar
e o mar que explode e borbulha
contra a pedra na ânsia de voar

também ousamos mergulhar
na carne um do outro
tentando nossas almas juntar
transformando nós... Noutro.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Minha tristeza é mais triste / por O.Heinze

Minha tristeza é mais triste
que um sonho que desiste;
que uma roseira sem rosa;
que cor de borboleta idosa
toda largada no chão,
feita assim, chuva sem razão.
Um piado perdido de filhote;
o eco do uivo de coiote.

E não é uma tristeza
de fora para comigo,
e sim, de dentro para contigo,
esse eu fraco lá fora
que poderia tudo na hora,
numa realização de coisas novas
vinda do mundo de gozos e provas.

Mas que continua aqui,
feita fruta madura caqui,
insistindo em ficar... Ficar...
Querendo ser colhida, sem deixar...