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sábado, 22 de outubro de 2022


Pétalas sem flor,

a mulher que dizia me amar.

por O.Heinze 


Em redor deste simples eu,

estrelas do céu vem ao chão.

Meus pés não são meus,

nas areias perdidas do mar

da vida a me naufragar,

onde ondas vêm e vão,

num sussurrar de solidão.


Aqui eu me recomponho

e sinto a mentira do mundo,

a frieza do espaço profundo 

entre as pessoas e os sonhos.


Pressinto que em algum lugar

meu eu da coragem existe,

à beira-mar do amar,

sua esperança persiste,

com a vida da alegria.


Cai mais uma lágrima triste.

Adeus lembrança onde eu ria.


A lua chama de volta,

a maré triste que me escolta,

então, lanço meu pedido 

dentro da garrafa da fé,

depois, a flor do amor perdido,

da mulher que já não é,

pois vai fluindo em marcha à ré.


Que a garrafa possa alcançar

um eu cheio de esperança, 

ou meu eu sóbrio da temperança,

para, enfim, meu eu me resgatar

e sanar esta dor cruel;

este amargo gosto de fel;

este suplício em parecer réu;

esta falta de ouro do anel.


Duas almas brindam 

a paixão na imensidão ao léu,

enquanto meus eus findam

meus ecos do ego sem céu. 


Santo André, outubro de 2022.


 





domingo, 2 de outubro de 2022

Chuvas e lágrimas 

por O.Heinze 


Essas chuvas sequentes

que tocam à noite ou de dia,

tal e qual uma forte sinfonia,

e soa docemente,

ou avassaladoramente,

são águas diversificadas, 

que subiram, pois, evaporadas,

formaram nuvens brancas de paz,

ou iradas, pelos raios que faz,

pois tem em si as emoções 

boas ou ruins das multidões.

Do lacrimejar de quem muito sorrio,

ou quem sofreu e desaguou a chorar;

ainda quem sobreviveu por um fio;

e quem morreu só, só por amar.

Essas águas são milenares,

já desceram e subiram 

por todos os lugares,

por vezes e vezes ressurgiram,

nos olhos teus, também nos meus.

As nuvens choraram

o choro dos antepassados,

que sequer imaginaram,

mas, hoje, suas lágrimas voltaram

em nossos olhos emocionados.

Sem chuvas não há vida.

Sem lágrimas como externar

a dor comovida, sofrida?

Ou ainda comemorar

a criança recém-nascida?

De qual forma transbordar

a alegria incontida?

De que jeito desafogar

a derradeira despedida?...


Santo André, 

27/28 de Setembro de 2022.