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sábado, 2 de outubro de 2021

Anjo da Morte /por O.Heinze

Anjo da Morte

por O.Heinze 


Houve um tempo

que não entendias a ti

te achavas uma inimiga

não querias ver-te, ouvir-te

sequer pronunciar-te!

De tantas e tantas flores

que exaltei aromas e cores

tu jamais tomastes parte

pois és inodora, incolor

dizem-na rainha da dor.

Clamei por inúmeros anjos

aureolados em luzes 

alados e complacentes

para me protegerem

pois a queria distante. 

Chamam-na de Morte. 

Anjo da Morte!

Hoje quero-te próxima!

Entendo agora quem és.

Não lha temo mais.

Medo tenho eu somente

em deixar de amar a vida

neste mundo de terra

ou em mundo invisível.

Medo ainda da guerra

que mata o sonho tangível. 

Medo da desigualdade

da falta de humanidade

que fomenta o crime

provoca a sede, a fome

e associam ao teu nome.

Medo da humanidade

deixar de humanizar

da criança não sorrir

do idoso não ter paz

da flor não mais florir

a razão ser incapaz. 

Quantas vezes gritei:

melhor que isto é morrer!

Pois foram tantos hospitais

tratamentos infernais

coisas de mim roubadas 

paixões esfaceladas.

Mas tu não levastes a mim

apenas rondavas, alertavas 

que tudo teria um tempo...

Que eu cuidasse

muito bem do meu ser

me enxergasse

e vivesse sem tanto morrer.


Santo André, 01/10/2021.