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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Cisne negro / por O.Heinze

Em não podendo mais morar
nesta vestimenta humana
desejaria habitar no corpo
de um flutuante cisne negro,
para viver do silêncio
no lago tranqüilo espelhado;
na pacífica montanha adormecida;
no desprendido céu observador;
na mansuetude das aragens
vindas sopradas do norte,
tocando uma sinfonia morna,
inaudível para estes exteriores,
mas que faz valsar às almas
das tabuas, das águas na superfície,
e esta minha, agora mais branca
que a brancura da ternura,
inspirando-me, talvez, jamais acordar
de volta para a razão humana...

sábado, 14 de junho de 2008

Oitenta segundos... Uma eternidade... / por O.Heinze

No céu um sinaleiro
pairando igual colibri
amarelo... Vermelho!
Fazendo-me parar ali.

E no chão asfaltado
na faixa de pedestres
passando hipnotizados
lunáticos e terrestres...

Eu dentro do meu carro
flutuando no tempo
com meus olhos agarro
tudo que contemplo...

Medito ou sonho?
Tudo está tão bom...
E a paz que componho
é quebrada num fom!

O semáforo abrira
o colibri verdejou
o mundo me pedira
para voltar, então vou...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ressurreição / por O.Heinze

As flores estampadas
neste jornal antigo
já estão desidratadas
pelo tempo de castigo.

Nem sei em pastel
qual cor mais triste
o cinza no céu
ou já no jornal
o amarelo que existe.

Eis que a chuva cresce.
Cubro-me com o jornal
que, penso, agradece
em absorver o temporal.

Quando acho um abrigo
e chacoalho o jornal
quem creria nisso???
Do jornal escorrido
caíram flores com viço...