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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Para onde vão as flores mortas / por O.Heinze

















Bem sei da morte da flor:
quanto suas cores descolorem;
caem as pétalas uma a uma;
espalha o pólen ao vento;
seu caule fica vazio.

Mas o que aguça minha curiosidade é:
para onde vai sua essência,
essa força de inebriante fragrância,
que em respirando quase prevejo
o verdadeiro formato da flor?!

Não esse corriqueiro, tão já sabido,
mas essa forma indizível de luz,
que mora nos confins do desconhecido
e me é lenitivo para a alma,
fazendo-me crer que o bem existe.

Que poder é esse, flor abençoada,
que ao cheira-la me roubas daqui,
mantendo-me voando leve, livre,
pois que teu existir corre docemente
por meus pulmões, coração e mente,
quase me revelando o mundo
aonde vive essa tua alma
de plenitude e eternidade.