Translate

domingo, 19 de fevereiro de 2012

De médico e louco todo mundo tem um pouco!

Para vivos e mortos / por O.Heinze

Ecoa o canto do galo
ainda há vida na cidade.
Manhãzinha de domingo. Carnaval.
Ecoam os sinos da igreja
ainda há fé nas coisas santas.
Ao longe um cão ladra e ecoa.
Passarinhos trocam conversas.
Deve haver muitos foliões morridos
de sono, caídos em seus leitos.
Outros em bancos, alguns nas calçadas.
O sol aponta para vivos e mortos.
Vento e vozes inexistem.
Tudo largou mão de viver, menos eu,
o galo, o cão, os pássaros e o sol.
Pois os que vão orar pedem por vida
e os foliões querem morrer ainda mais...

Quase cactos / por O.Heinze

Há quem relute
do convívio social
mantendo-se defensivo
no externo do corpo
igual a cactos espinhosos.

Não acreditam mais
na possibilidade do amor
e seus espinhos fiéis
doem apenas para dentro
pois não é a ponta que fere
mas as raízes mortais.

Se ao menos fossem cactos legítimos
expurgariam as mais lindas flores
porque a beleza vive na alma
e a alma vive de amores...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Yes, nós temos bananas / por O.Heinze

...E na verdade eu nem era eu.
Era o que queria a sociedade.
No dia em que fui eu de verdade
minha mãe disse: -Que foi, enlouqueceu?!
Antigamente eram os soldadinhos de chumbo
e hoje são os imitadores dos imitadores.
Talvez bonecos de ventríloquos?
Inveja dos bastidores?
Pencas e mais pencas de bananas?
Fujam desses programas!
Desprogramar é urgente!
Pois na natureza natural
até bananas são diferentes...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pingo de Prata.


Borboleta Pingo de Prata

que metamorfoseou aqui no quintal de casa

vinda do pé de maracujá.

Chapéu-de-sol / por O.Heinze
(Árvore Terminalia catappa)

Entregue me vou
na complacência doce
que um aroma ímpar
me carrega todo.
Mais na lembrança
que propriamente aqui
pois me sinto lá à beira-mar
enquanto meu corpo distraído
passeia na cidade abafada
à dezenas de quilómetros da praia.
De onde proviria afinal
esse perfume do chapéu-de-sol
se não o vejo perto ou longe
dentro desta paisagem cinzenta?
Teria vindo de bem distante
carregada pela tarde de verão
ou escapado de meu coração
do tanto que guardo carinhosamente
desde a infância de molecagens?
Quando subia no chapéu-de-sol
e feito bicho solto e alegre
brincava dependurando até cansar.
Depois descia e ficava na sua sombra
recostado no tronco, silencioso
ouvindo o cantar de suas folhas
até que adormecia mansamente
guardando sua essência nos meus sonhos...