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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Lembra quando a gente foi criança? / por O.Heinze

Lembra quando a gente foi criança?!
Começávamos a rir por nada 
e não conseguíamos mais ficar sérios, 
doía até o maxilar. 
Quantas vezes procuramos esperanças 
nas plantas dos jardins, 
achávamos que elas nos trariam sorte. 
E o louva-deus que corria de nós, 
afinal, não o deixávamos em paz. 
Nos corredores ao lado das casas, 
corríamos para ver quem alcançava o outro, 
e ainda tinham as escadarias 
que deixavam a gente com a lingua de fora. 
Foi tanta coisa que fizemos juntos... 
Pular corda, contar mentira, piada, 
fomos ao parque de brinquedos e nos balançamos, 
rimos muito notando que as pessoas nos olhavam 
para ver se estávamos aprontando alguma. 
Fazíamos o lanche e o almoço juntos, nossa... 
Éramos inseparáveis! 
Soltamos pipa na praça. 
Uma vez você subio na árvore para pegar frutas 
e atirava para mim lá abaixo... 
Oh meu Deus, que tempo lindo... 
Quanta flor não roubei das calçadas, 
só porque a gente gostava 
de enfeitar um vasinho preso à parede, 
no local onde nós mais parávamos. 
Eu dançava desengonçado, 
só para fazer você torcer o nariz e rir sem dó. 
Volta e meia cantávamos alguma música, 
quando não sabíamos a letra, a gente ia inventando. 
Teve àquela vez que fomos para a praia 
e à tardinha saímos à procurar conchas... 
Andamos tanto, enquanto fazíamos planos 
do que faríamos depois do jantar... 
Hahahaaa... 
Mal acabamos de jantar e capotamos de sono!  
Bem... Só que deixamos de ser crianças, 
ficamos adultos novamente, 
estamos sem graça, sem esperanças,
 sem danças, sem conchas e pipas, 
sem flores e doces, sem corridas e risadas, 
sem balanços e cores, sem poesia e cantos, 
sem café com bolo, sem abraços e beijos delicados, 
sem olhar nos olhos, sem rir até doer... 
Estamos adultos e ficamos sérios demais. 
Nossas almas nem estão mais tão leves 
e nossos corações têm medo de amar livremente. 
Sabemos bem, por agora, ter saudades e chorar. 
Mas àquelas crianças ainda existem, 
estão prontas para voltar, 
continuam em nós para fazer a vida feliz 
assim que quisermos... 
Então fica o embate 
de quem é mais precioso: 
a criança ou o adulto?!

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