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domingo, 25 de agosto de 2024

Há tempo de florir. Há tempo de morrer.

por O.Heinze


Já cultivei em minha vida

algumas das flores mais caras,

que sequer imaginaria conviver.

Elas chegaram, cada qual

em seu tempo, num repente

encantador e único.

Todas em sua singular perfeição, 

revestidas da forma humana, mas, 

sem, contudo, perder a essência 

delicada, doce e sensível,

além de um aroma único,

ora tímido, ora exuberante.

Criaram mil borboletas 

em meu estômago, coração,

caminhos e sonhos. 

Viveram em minhas terras

embelezando as paisagens,

colorindo meu coração,

enfeitando minha mente.

Muita vida fiz com elas,

e também lágrimas abundantes, 

que regaram nossas esperanças.

Ser um bom cultivador 

é raridade neste mundo duro. 

É preciso amar infinitamente

cada flor, pois quem lida com elas 

sabe que um dia precisarão partir. 

E assim aconteceu, se foram,

muitas deixaram este mundo,

outras tantas se transferiram,

se replantaram noutros campos,

sendo cuidadas por outras mãos. 

Mas eu as compreendo,

pois assim deve ser a vida,

ademais, eu ainda levo

cada uma delas em mim,

com ternura e amor.

Apesar da distância, estão perto,

em meu corpo e minha alma,

com toda gratidão e saudade.

Vez e outra a brisa traz

a fragrância de cada uma delas,

e eu entendo que estão lembrando

do tempo em que vivíamos juntos

e fazíamos florir um mesmo jardim.

A vida é feita através das flores,

que são geradas por sementes

dos vegetais e todos os seres,

inclusive por flores-gentes.


Santo André SP Brasil, 22/8/2024.


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