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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Gentes floridas / por O.Heinze

Quando a morte chega
levando o que de mais caro há,
a vida de um ente querido,
faz sentir-me impotente, furtado.
Sensação de terem-me arrancadas e sopradas
parte das folhas escritas
do diário de minha vida,
para um lugar que não sei...
Mas, incompreendida,
a morte deve ser, talvez,
só a porta para uma outra vida.
Prefiro pensar que a dona da foice
ceifa minhas flores preferidas
para enfeitar uma outra dimensão,
pois que aqui já fizeram o que deveriam:
florido,  formando coloridas primaveras;
amado,  gerando frutos maravilhosos;
sofrido,  para espalhar sementes de alegrias;
errado, para lembrar de que somos humanos,
e tudo para um único propósito:
festejar com lágrimas de gratidão a existência.
Após a morte passar, fica somente a história
repassando na mente e no coração, e,
por mais que possa parecer irracional,
ela faz mais viva e amada a pessoa que se foi,
muito mais que durante a vida.
Por isso agora eu desejo viver intensamente,
antes que a morte me leve para outra existência,
pois infelizmente sempre deixava para fazer amanhã
o que deveria ter feito hoje para quem eu amava.
E no amanhã a pessoa já não estava mais
enfeitando a vida deste planeta,
pois seu florescer não era mais daqui.

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