Humanos sem asas
por O.Heinze
Nascemos dos casulos,
mas preferimos não voar,
talvez, seja mais cômodo
ter os pés firmes no chão,
rastejar e não se arriscar.
Afinal, o que há no céu
além de ar, amplidão
e nuvens perdidas?!
Se existe algo a mais,
as borboletas não falaram.
Sei que os pássaros
cantam assim que pousam,
parecendo ter sentido algo
que os fez mais felizes,
de modo que lá acima
dá para perceber uma vida
que aqui abaixo não.
As abelhas me disseram
que lá existem caminhos
feitos de doces perfumes.
As libélulas confessaram
ter visto a deusa da poesia
esvoaçando sobre jardins
e lagoas encantadas.
Os pirilampos confirmaram
que eles são os condutores
das energias do natal.
Eu não ficaria surpreso
se as cegonhas realmente
entregassem bebês e
o Papai Noel voasse
em seu trenó com renas,
visto que na atmosfera
deve mesmo haver
grande magia, porque
os balões de gás querem
escapar das criancinhas
e desaparecer no azul
mais alto do céu;
as pipas dançam de alegria,
abraçadas pelas brisas
sopradas pela liberdade;
as folhas saltam das árvores
em um voo aventureiro,
de peripécias, antes de
finalmente beijarem a terra.
Por certo que o arco-íris
e a aurora boreal fazem
nossas almas se elevarem
emocionalmente e nos
sentimos até angelicais.
Então, se você é humano
e sente que possui asas,
voe, por favor, voe longe!
Não tenha medo de perder
o chão das mesmices,
pois se você voar de verdade
jamais ficará sem chão,
muito pelo contrário,
você finalmente se sentirá
vivo, leve, livre, pleno
e cantarolando ao pousar.
…E mesmo que isso tudo
não passe de fantasias,
sonhos, histórias de ninar,
comemore, encha o ar
de confetes, serpentinas,
de fogos de artifícios e
drones de luzes coloridas,
para vencer as sombras
das guerras que pairam
no ar…
Santo André SP Brasil.
16 de dezembro de 2024.
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