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domingo, 29 de dezembro de 2024

 Se eu pudesse perfumar 

por O.Heinze 


As flores sequer sabem

se é natal ou um novo ano,

se são quem são,

e o verão precisa ter nome.

O que é tristeza ou fome?!

Nem sabem que são floridas,

amadas ou esquecidas.

Perfumadas pela vida,

ou sobre as pessoas já idas.

Mas são fiéis, corajosas!

Crescem em meio às guerras,

nas menos férteis terras,

brotam coloridas e formosas.

E eu? Sou apenas um ser,

achando que sou imperioso

para a vida prosseguir.

Pobre de mim orgulhoso!

As flores nem precisam pedir

em um altar todo poderoso,

para continuar seu existir.


27/12/2024.

Realidade Natural.

por O.Heinze 


Amanhecendo... 

O mundo segue calado.

Acordo avoado 

e antes de cuidar de mim, 

irei para o jardim,

onde sabiás, sanhaços,

periquitos verdes, 

tomam os espaços,

esperando animados

as frutas que sirvo sempre.

A sábia sabiá sabia

que eu iria pousar,

quando surgi no quintal

ainda sonolento.

Sinto delas um vento

para lá e para cá, voando

a um metro, passando,

igual se eu fosse outra ave,

perto de mim pousando

e sem nenhum entrave.

Acho que não me veem

sendo um humano,

talvez, um tucano,

ou, mais um do bando?!

Com certeza, sim, quando

eu, então, ainda sonado,

fico todo encantado,

me sentindo meio alado. 

Após uma meia hora,

enquanto bebo meu chá, 

já na cozinha, sentado,

vejo pela vidraça ao lado,

uma vez ou outra, a sabiá,

que pousa no telhado,

me localiza, e de lá 

fica a me observar.

Parece estar a se indagar:

Será que um dia ele irá voar?


Santo André SP Brasil. 

28/12/2024.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Estações 

por O.Heinze 


Igualmente a este mundo,

faço quatro estações,

reações do clima oriundo

da atmosfera do meu ser:

calor; morrer; frio; nascer.


Ousei todas as variáveis  

em anos e anos de ciclos,

muitos deles bem instáveis,

alguns pobres, outros ricos.


Fiz péssimas escolhas

em plena época de cores, 

criei um outono de folhas

escritas por dissabores.


Suportei infernos asfixiantes,

congelei no frio intenso, 

preso aos dias degradantes

consumidores do meu senso.


Mas eu soube ser temporão,

meu sol nasceu nas brumas

da tempestade do coração;

ressurgi em um céu de luna  

e no arco-íris da redenção. 


O chão ressequido do meu eu

aguei com lágrimas de verão, 

e do sofrido espinheiro ateu

surgiram flores da razão. 


Por conta da minha estadia,

o planeta agora me copia:

natureza em perturbação;

estações em desarmonia;

sobrevida em consumição. 


Santo André SP Brasil.

10 de dezembro de 2024.

Humanos sem asas

por O.Heinze 


Nascemos dos casulos,

mas preferimos não voar,

talvez, seja mais cômodo 

ter os pés firmes no chão,

rastejar e não se arriscar. 

Afinal, o que há no céu 

além de ar, amplidão  

e nuvens perdidas?!

Se existe algo a mais,

as borboletas não falaram.

Sei que os pássaros 

cantam assim que pousam,

parecendo ter sentido algo

que os fez mais felizes,

de modo que lá acima

dá para perceber uma vida

que aqui abaixo não. 

As abelhas me disseram

que lá existem caminhos

feitos de doces perfumes.

As libélulas confessaram

ter visto a deusa da poesia

esvoaçando sobre jardins

e lagoas encantadas.

Os pirilampos confirmaram

que eles são os condutores 

das energias do natal.

Eu não ficaria surpreso

se as cegonhas realmente

entregassem bebês e

o Papai Noel voasse

em seu trenó com renas,

visto que na atmosfera 

deve mesmo haver 

grande magia, porque

os balões de gás querem

escapar das criancinhas

e desaparecer no azul

mais alto do céu;

as pipas dançam de alegria,

abraçadas pelas brisas

sopradas pela liberdade;

as folhas saltam das árvores

em um voo aventureiro,

de peripécias, antes de

finalmente beijarem a terra.

Por certo que o arco-íris

e a aurora boreal fazem

nossas almas se elevarem

emocionalmente e nos 

sentimos até angelicais.

Então, se você é humano

e sente que possui asas,

voe, por favor, voe longe!

Não tenha medo de perder

o chão das mesmices,

pois se você voar de verdade

jamais ficará sem chão,

muito pelo contrário,

você finalmente se sentirá 

vivo, leve, livre, pleno

e cantarolando ao pousar.

…E mesmo que isso tudo

não passe de fantasias,

sonhos, histórias de ninar,

comemore, encha o ar

de confetes, serpentinas,

de fogos de artifícios e

drones de luzes coloridas,

para vencer as sombras 

das guerras que pairam 

no ar…


Santo André SP Brasil. 

16 de dezembro de 2024.

sábado, 28 de setembro de 2024

A dança das borboletas
por O.Heinze 

Um duo de borboletas
dança de amarelo no ar
formando o símbolo DNA.
Sobem e descem alheias 
ao mundo, vivem no  limiar
da paixão sem cadeias
longe do chão do limitar
e perto das flores cheias
de néctar a perfumar.
E eu aqui sem asas
colado ao chão e sozinho.
Meu coração têm brasas 
igual coração de menino.
Meus olhos rodopiam
para lá e para cá 
e tão felizes copiam
a dança do acasalar.
Posso viver solitário 
mas não roubarei a flor
nem farei borboletário
para forçar um amor.
Amar é algo libertador
igual borboletas a dançar
faz voar, preencher de cor
um inexplicável adoçar. 

Santo André SP Brasil, 27/09/2024.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Coroa de Espinhos 

por O.Heinze 


E quem aceita a coroa de espinhos,

mesmo que feita em puro ouro,

incrustada de pedras preciosas 

e com a herança mais poderosa?


Pois quem a vestí-la será forte

de amor, verdade e eternidade,

mas não terá posses no mundo,

nem amigos por um segundo.


Talvez lhe tratem feito um rei,

lhe escutem em tudo que ensinar,

mas se irão acreditar, não sei,

talvez alguns seguirão seu andar.


Acredite você ou não, 

a coroa exige dor e perdão, 

para somente, então,

se ter a ressurreição. 


Passe o seu camelo

pelo buraco da agulha;

mude a montanha de lugar;

ande sobre o mar sem afundar.


Liberte o endemoninhado;

ressuscite o falecido; 

multiplique os pães;

resista às tentações. 


Cure aos desconhecidos; 

perdoe aquele que te condenar;

seja pregado na cruz infame;

creia no invisível do céu e ame.


Santo André SP Brasil.

23/09/2024.

sábado, 7 de setembro de 2024

Alma em flor

para Jordana 

por O.Heinze 


De qual maneira

adjetivar a tua alma?!

Talvez, Jordana seja 

a própria flor disfarçada 

em doçura de mulher,

a perfumar os horizontes;

a nortear homens perdidos 

do amor e da inocência. 

Jordana, essa essência 

da pureza e simplicidade,

alquimia que extasia

pessoas incrédulas

à procura da paz.

Somente a magia no ar

sabe da tua transparência:

misto de sofrer e amar;

de viver e sonhar.


Santo André - SP - Brasil,

07 de setembro de 2024.


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Abraçando os joelhos
por O.Heinze 

Ninguém rouba o meu chorar 
são lágrimas candentes pelas
dores e os prazeres de amar
que a emoção sabe fazê-las
nascer do céu do meu olhar.
São minhas benditas estrelas
a brilhar, brilhar, até sossegar…
E quem mais poderá tê-las?
Não são coisas de se comprar!
Ninguém jamais irá sabê-las!
Somente eu as sei criar,
e o momento de concedê-las
fazendo minh’alma desafogar.

Se eu choro
é para não ver alguém chorar
pois, não ignoro
a carência de se fazer sonhar. 
Então, eu moro
sozinho em meu soluçar.
Já não imploro
o amor que não podem dar.

Santo André, SP - Brasil, 27/8/2024.

domingo, 25 de agosto de 2024

Há tempo de florir. Há tempo de morrer.

por O.Heinze


Já cultivei em minha vida

algumas das flores mais caras,

que sequer imaginaria conviver.

Elas chegaram, cada qual

em seu tempo, num repente

encantador e único.

Todas em sua singular perfeição, 

revestidas da forma humana, mas, 

sem, contudo, perder a essência 

delicada, doce e sensível,

além de um aroma único,

ora tímido, ora exuberante.

Criaram mil borboletas 

em meu estômago, coração,

caminhos e sonhos. 

Viveram em minhas terras

embelezando as paisagens,

colorindo meu coração,

enfeitando minha mente.

Muita vida fiz com elas,

e também lágrimas abundantes, 

que regaram nossas esperanças.

Ser um bom cultivador 

é raridade neste mundo duro. 

É preciso amar infinitamente

cada flor, pois quem lida com elas 

sabe que um dia precisarão partir. 

E assim aconteceu, se foram,

muitas deixaram este mundo,

outras tantas se transferiram,

se replantaram noutros campos,

sendo cuidadas por outras mãos. 

Mas eu as compreendo,

pois assim deve ser a vida,

ademais, eu ainda levo

cada uma delas em mim,

com ternura e amor.

Apesar da distância, estão perto,

em meu corpo e minha alma,

com toda gratidão e saudade.

Vez e outra a brisa traz

a fragrância de cada uma delas,

e eu entendo que estão lembrando

do tempo em que vivíamos juntos

e fazíamos florir um mesmo jardim.

A vida é feita através das flores,

que são geradas por sementes

dos vegetais e todos os seres,

inclusive por flores-gentes.


Santo André SP Brasil, 22/8/2024.


sábado, 10 de agosto de 2024

Crônica de uma criança. 

por O.Heinze 


Em 1970 eu tinha onze anos de idade quando fui campeão regional de judô do Grande ABC Paulista, que corresponde a sete cidades a sudeste da região metropolitana de São Paulo.  Consequentemente teria que disputar o Campeonato Paulista na capital. 

No dia do evento minha mãe não pôde me acompanhar, pois tinha que cuidar de um outro filho, cinco anos mais novo que eu. Meu pai estaria trabalhando, então, meu professor (sensei) me levaria. Peguei um ônibus circular até a academia, mas meu professor não estava lá. 

Com atraso, chegou um estranho em sua perua Kombi antiga, dizendo ser ele quem me conduziria ao local. Fiquei inseguro, mas o acompanhei.

No meio do longo trajeto o veículo quebrou e depois de uma hora foi consertado.

Quando chegamos ao evento, todos atletas já estavam perfilados e o portão do alambrado trancado. Saltei a grade para me juntar aos atletas e fui severamente repreendido pela organização, disseram-me que eu não poderia mais participar da disputa. Depois de muita explicação da minha parte, resolveram deixar eu lutar. 

Eu sentia uma enxaqueca alucinante, não sei se por não ter almoçado, pelo nervosismo do atraso, ou o desamparo dos adultos, pois nem o senhor que me havia levado, eu sabia onde encontrar.

Uns parentes vieram ver minha luta, mas numa parte distante nas arquibancadas, que eu não podia ir. 

Ao esperar pela minha vez, sentou ao meu lado um homem, dizendo que seu filho iria me enfrentar, e me apontou um judoca faixa marrom, maior e mais pesado do que eu, falou ainda, com sarcasmo, que eu jamais o venceria, que me pagaria o almoço caso isso acontecesse.

Minha graduação era três vezes inferior ao do filho dele, mas isso não me preocupava, nem nada que ele tagarelava, pois o que me matava era a terrível dor de cabeça.

Eu bem que tentei lutar quando chegou a hora, mas por conta da dor, realmente não conseguia impor esforço na luta, que acabei perdendo. Em seguida, ainda fui zombado pelo pai do vencedor.

Sentia-me constrangido, sozinho e amargurado naquele momento. Talvez meus parentes tenham se decepcionado comigo, pois logo que finalizou o combate, levantaram e partiram. 

Mas para um menino de onze anos de idade, acho que eu até que suportei bem esse traumático dia. Perdi a luta, mas me fortaleci em minha individualidade espiritual e pessoal. Aprendi que na vida, a única pessoa com quem eu poderia contar, era eu.

Hoje, depois de décadas, lembrei desse fato e meus olhos marejaram. Aquela sensação desse dia ainda corre dentro de mim.

Nunca devemos julgar e até condenar uma pessoa, apenas pela aparência, pois somente ela sabe dos dramas e glórias que se assomam nela. Das virtudes e defeitos que a conduzem. 

Que principalmente as crianças e adolescentes possam ser sempre amparadas, respeitadas, fortalecidas e amadas em todos os ambientes.

Que possamos tentar pressentir a condição alheia, antes de tirarmos conclusões precipitadas.

Esporte não é guerra, mas um caminho para a paz.


Santo André SP Brasil 

31/7/2024.


terça-feira, 7 de maio de 2024

Laranjinha

Lara + anjinha

para Lara, minha netinha

por O.Heinze 


Você apareceu magicamente:

formosa, encantadora e única. 

Vinda de outra dimensão 

por uma cápsula do tempo

e materializou-se aqui.

Com seu poder especial

de heroína angelical 

fez toda noite iluminar

quando alguém fez cortar 

o cordão umbilical.

Nesse ínterim de choros

sorrisos e lágrimas puras

você foi transformando

pessoas humanas simples

em especiais criaturas. 

Fazendo do nada surgir

uma mãe e um pai

com superpoderes

em amar indistintamente 

tua pessoa para sempre.

Fez aparecer ainda avós 

bisavós, tios e tias

e ainda tios-avós.

Chamou a atenção 

de muita gente

ao chegar e sem falar 

sem sair do lugar

já ter mudado a vida

e a rotina das pessoas.

Você traz o dom do amor

de reunir o mundo

fazer a esperança 

e todos mais felizes.

Seja bem vinda Lara

que em uma só menina 

se faz filha, sobrinha

neta, bisneta e anjinha.


Santo André SP Brasil 

30/4/2024

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Laranjinha
Lara + anjinha
para Lara, minha netinha
por O.Heinze 

Você apareceu magicamente:
formosa, encantadora e única. 
Vinda de outra dimensão 
por uma cápsula do tempo
e materializou-se aqui.
Com seu poder especial
de heroína angelical 
fez toda noite iluminar
quando alguém fez cortar 
o cordão umbilical.
Nesse ínterim de choros
sorrisos e lágrimas puras
você foi transformando
pessoas humanas simples
em especiais criaturas. 
Fazendo do nada surgir
uma mãe e um pai
com superpoderes
em amar indistintamente 
tua pessoa para sempre.
Fez aparecer ainda avós 
bisavós, tios e tias
e ainda tios-avós.
Chamou a atenção 
de muita gente
ao chegar e sem falar 
sem sair do lugar
já ter mudado a vida
e a rotina das pessoas.
Você traz o dom do amor
de reunir o mundo
fazer a esperança 
e todos mais felizes.
Seja bem vinda Lara
que em uma só menina 
se faz filha, sobrinha
neta, bisneta e anjinha.

Santo André SP Brasil 
30/4/2024.

domingo, 14 de abril de 2024

Finge 
por O.Heinze 
(para certas mulheres)

Finge que me quer
em um abraço afastado
rápido, duro, imaturo.
Finge que me procura 
em um olhar desviado 
vazio, perdido, proibido.
Finge que me deseja
em um beijo retraído
seco, fechado, matado.
Finge que me ama
em uma palavra
que não inflama.
Enquanto isso
eu finjo também 
que sou querido
tão procurado
sempre desejado
amado, preferido.
Engana-se 
que me engana
pois só finjo
que sou enganado.

Santo André SP Brasil, 12/4/2024.

Ressurreição nas Bermudas

Quadro à óleo 70X50 
por O.Heinze
Abril/2023.

terça-feira, 5 de março de 2024

Templo das flores.

por O.Heinze 


Mulheres são flores

trazidas de outra galáxia.

De exuberantes cores,

mas diferentes da acácia,

rosa, orquídea, enfim…

Vão espargindo um buquê

mais intenso que jasmim! 

Todos perguntam porque

mulheres são assim:

incompreendidas,

misteriosas, atraentes,

solitárias, distraídas

sob um véu transparente.

Parecem estar aqui,

ao mesmo tempo, não.

Mostram um tanto de si,

mas seu coração em botão

raramente abrirão.

Suas raízes são de outro chão, 

um lugar desconhecido,

por isso vivem em confusão,

neste mundo de solo partido. 

Aqui são tratadas por flores,

com o dom do encantamento, 

um templo de santos amores,

deusas do renascimento. 

Flores produtoras de sementes

que magicamente podem eclodir,

gerando assim novas gentes,

que lhes tragam sentido no existir.


Santo André SP Brasil 03/03/2024.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Mulher em flor
para Elisabete 
por O.Heinze 

És mais ainda que mulher
as flores sabem dizer de ti.
Trazes uma alma que requer
caminhos que te façam florir.

Em torno da tua presença 
nota-se um halo de luz
muito próprio da florescência 
que tua bondade produz.

Talvez a humanidade comum
não te percebas por inteira
e te faças viver um jejum
de pessoas verdadeiras.

Tua fragrância é singular
aspirada por anjos e seres
que sentem teu adocicar
na dimensão dos bendizeres.

Tens o dom da pacificação 
feitas uma paisagem clara.
Levas a pureza no coração 
e uma aura muito rara.

Santo André SP Brasil 
Janeiro de 2024.