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terça-feira, 8 de abril de 2025

Se eu fosse Jesus

por O.Heinze 


Se eu fosse Jesus, teria me soltado da cruz.

Retornaria pelos mesmos passos que vim

e iria desfazendo a Via Crucis, sim!

Reverteria todos os milagres de cura.

Deixaria os aleijões, cegos, mudos,

surdos, leprosos, hemorrágicos, enfim, 

todos os doentes com suas doenças,

quanto aos mortos, seguiriam mortos.

Deixaria a figueira viva; o povo sem vinho;

a multidão sem pão; o Monte sem Sermão.

Que a tempestade castigasse o barco;

pois eu não andaria sobre o mar,

nem faria Pedro também andar.

Não multiplicaria os pães e peixes;

nem tiraria o espírito maligno do menino; 

ou a moeda da boca de um peixe, pois o 

imposto que se pagasse sozinho. 

Na verdade, eu não mudaria ninguém.

Nem me mostraria resplandecente;

não conversaria com os doutores da lei;

não teria discípulos, nem inimigos também.

Só voltaria para a casa. Agradeceria a Maria e a José e me despediria. Subiria ao Monte das Oliveiras e pediria ao Pai o meu regresso aos céus. Então, desintegraria meu físico carnal e ascenderia as dimensões distantes daqui.

Digo tudo isto, pois, a humanidade não mudou, após mais de dois mil anos, olho para o mundo e vejo o povo ainda esperando que alguém lhes salve.

Bom seria que Jesus tivesse nos deixado à própria sorte. Talvez, assim, a humanidade tivesse aprendido a se tornar independente, realizando seus próprios milagres.

(Se você não gostar do meu texto, por favor, não me crucifique.)

Santo André, SP - Brasil.

30/03/2025.

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