Noite sem poesia
por O.Heinze
Hoje é uma noite sem estrelas, nem luar.
Não há encantamento de pirilampos,
tampouco o perfume da dama-da-noite,
nem no mundo, nem na minha alma.
Meu coração se abraça e suspira.
As pedras têm mais chão do que eu.
A brisa sussurra, mas eu não a entendo;
a mente inspira, porém estou cansado.
Quero fugir para um mundo diferente.
Cansei desse lugar de flores sem florir,
de gente sem olhos de se olhar,
de convivências que não sabem trocar.
Quando a lua surgir bem gigantesca,
vou pular daqui desta terra para ela,
lá com certeza haverá mais “ar” que aqui,
menos solidão, frieza, vazio e dor.
Mesmo que eu morra de desgosto
lá na lua, ou aqui no meio da rua escura,
teria feito da minha vida tudo com gosto,
jamais deixaria alguém sem amor.
O amor está extinguindo no mundo,
por isso a humanidade vive morrendo.
A poesia deixou de viver nas palavras,
nos gestos, nos sonhos e nas almas.
Certamente, quando eu estiver na lua,
vendo lá longe o planeta já sem azul,
sentirei falta da minha infância crua,
onde nós éramos felizes e eternos.
Santo André, SP - Brasil, 12/04/2025.
Painel de O.Heinze - medidas: 2 X 3 metros.
Título: Futuro Deserto de 02/07/2005
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