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domingo, 13 de abril de 2025

Sou uma pessoa simples e igual todo mundo, também sofro com doenças, problemas financeiros, medo, solidão, injustiças etc. Mas continuo acreditando em uma humanidade mais justa e igualitária. 
Escrevo, pois é um tipo de terapia para mim próprio. 
Amar é a minha religião. 
Deus te abençoe!

Noite sem poesia 

por O.Heinze 


Hoje é uma noite sem estrelas, nem luar.

Não há encantamento de pirilampos,

tampouco o perfume da dama-da-noite,

nem no mundo, nem na minha alma.


Meu coração se abraça e suspira. 

As pedras têm mais chão do que eu.

A brisa sussurra, mas eu não a entendo;

a mente inspira, porém estou cansado. 


Quero fugir para um mundo diferente. 

Cansei desse lugar de flores sem florir,

de gente sem olhos de se olhar, 

de convivências que não sabem trocar.


Quando a lua surgir bem gigantesca,

vou pular daqui desta terra para ela,

lá com certeza haverá mais “ar” que aqui,

menos solidão, frieza, vazio e dor. 


Mesmo que eu morra de desgosto

lá na lua,  ou aqui no meio da rua escura,  

teria feito da minha vida tudo com gosto,

jamais deixaria alguém sem amor.


O amor está extinguindo no mundo,

por isso a humanidade vive morrendo.

A poesia deixou de viver nas palavras, 

nos gestos, nos sonhos e nas almas.


Certamente, quando eu estiver na lua,

vendo lá longe o planeta já sem azul,

sentirei falta da minha infância crua,

onde nós éramos felizes e eternos.


Santo André, SP - Brasil, 12/04/2025.

Painel de O.Heinze - medidas: 2 X 3 metros.

Título: Futuro Deserto de 02/07/2005

terça-feira, 8 de abril de 2025

Se eu fosse Jesus

por O.Heinze 


Se eu fosse Jesus, teria me soltado da cruz.

Retornaria pelos mesmos passos que vim

e iria desfazendo a Via Crucis, sim!

Reverteria todos os milagres de cura.

Deixaria os aleijões, cegos, mudos,

surdos, leprosos, hemorrágicos, enfim, 

todos os doentes com suas doenças,

quanto aos mortos, seguiriam mortos.

Deixaria a figueira viva; o povo sem vinho;

a multidão sem pão; o Monte sem Sermão.

Que a tempestade castigasse o barco;

pois eu não andaria sobre o mar,

nem faria Pedro também andar.

Não multiplicaria os pães e peixes;

nem tiraria o espírito maligno do menino; 

ou a moeda da boca de um peixe, pois o 

imposto que se pagasse sozinho. 

Na verdade, eu não mudaria ninguém.

Nem me mostraria resplandecente;

não conversaria com os doutores da lei;

não teria discípulos, nem inimigos também.

Só voltaria para a casa. Agradeceria a Maria e a José e me despediria. Subiria ao Monte das Oliveiras e pediria ao Pai o meu regresso aos céus. Então, desintegraria meu físico carnal e ascenderia as dimensões distantes daqui.

Digo tudo isto, pois, a humanidade não mudou, após mais de dois mil anos, olho para o mundo e vejo o povo ainda esperando que alguém lhes salve.

Bom seria que Jesus tivesse nos deixado à própria sorte. Talvez, assim, a humanidade tivesse aprendido a se tornar independente, realizando seus próprios milagres.

(Se você não gostar do meu texto, por favor, não me crucifique.)

Santo André, SP - Brasil.

30/03/2025.