por O.Heinze
Imagine o tempo que uma flor
hiberna antes de desabrochar.
É uma longa experimentação,
renascendo de ela própria,
sua semente caída na terra,
após já ter sido flor na vida.
Inconsciente de tudo, germina
e vai criando raízes no chão,
rasgando-o até sentir a luz
e espreguiçando-se toda
nas duas primeiras folhas,
iniciando sua base de vida.
Teima em buscar o céu
e cresce dia após dia.
Eis que sente o bem-viver,
pois encontra a primavera,
apaixona-se e encanta-se,
dando seu coração a ela,
um formoso botão, tímido,
receoso por não ser amado,
mas a primavera lhe abraça,
acarinha, preenche de amor.
O botão tomado de emoção
e não cabendo mais em si,
explode em cor e perfume
e se mostra uma flor inteira.
É tanta paixão que ela sente
em conviver com a primavera;
cintilar com os raios do sol;
e sentir-se parte deste mundo,
acariciada por abelhas e brisas;
beijada por borboletas e chuvas;
que, despetalando, morre de amor.
Mas ela segue viva, adormecida
dentro de uma nova semente,
para renascer em outra geração
e continuar a sua existência,
como se fosse a primeira vez.
Santo André SP Brasil
21/12/2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário