A árvore e o lago
por O.Heinze
O vulto de uma árvore milenar
se mistura ao azul da noite de verão.
Abaixo dela, sobre o manso lago,
descansam os reflexos da lua cheia.
A árvore e o lago estão enamorados,
mas a noite os mantém separados.
Pela manhã, enquanto o sol acorda,
uma infinidade de pássaros, insetos
e outros seres, tomam toda pradaria,
enquanto uma saudade imensa e terna
coexiste nas seivas da vibrante árvore,
e nas águas, agora, alaranjadas do lago.
Quanto mais o sol se ergue imponente,
mais a árvore vai refletindo no lago,
mergulhada em um abraço, ora tranquilo,
ora trêmulo, pelas emoções dessa união.
E assim permanecem por toda a manhã
e a tarde, até chegar a tempestade…
Que açoita a árvore com ventos invejosos,
arrancando ela do abraço de amor,
pois tornou o lago agitado, inseguro,
encrespado, escurecido e entristecido.
Um aguaceiro encobre toda paisagem,
escondendo todos os seres e cores.
Mas a tempestade cansa de chorar
e recolhe o seu céu acinzentado de dor.
Uma paz traz o sol de volta ao dia aberto,
com os cantos dos seres comemorando
as cores do entardecer e o lago calmo,
onde a árvore vai lançando mil gotas,
escorridas das suas folhas molhadas,
que tocam a superfície do lago encantado,
produzindo sons diversos e desenhos
na partitura de água tão colorizada,
fazendo uma sinfonia toda de bonança,
composta pelo maior dos compositores.
Santo André - SP - Brasil.
05 de julho de 2025.
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