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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Estações 

por O.Heinze 


Igualmente a este mundo,

faço quatro estações,

reações do clima oriundo

da atmosfera do meu ser:

calor; morrer; frio; nascer.


Ousei todas as variáveis  

em anos e anos de ciclos,

muitos deles bem instáveis,

alguns pobres, outros ricos.


Fiz péssimas escolhas

em plena época de cores, 

criei um outono de folhas

escritas por dissabores.


Suportei infernos asfixiantes,

congelei no frio intenso, 

preso aos dias degradantes

consumidores do meu senso.


Mas eu soube ser temporão,

meu sol nasceu nas brumas

da tempestade do coração;

ressurgi em um céu de luna  

e no arco-íris da redenção. 


O chão ressequido do meu eu

aguei com lágrimas de verão, 

e do sofrido espinheiro ateu

surgiram flores da razão. 


Por conta da minha estadia,

o planeta agora me copia:

natureza em perturbação;

estações em desarmonia;

sobrevida em consumição. 


Santo André SP Brasil.

10 de dezembro de 2024.

Humanos sem asas

por O.Heinze 


Nascemos dos casulos,

mas preferimos não voar,

talvez, seja mais cômodo 

ter os pés firmes no chão,

rastejar e não se arriscar. 

Afinal, o que há no céu 

além de ar, amplidão  

e nuvens perdidas?!

Se existe algo a mais,

as borboletas não falaram.

Sei que os pássaros 

cantam assim que pousam,

parecendo ter sentido algo

que os fez mais felizes,

de modo que lá acima

dá para perceber uma vida

que aqui abaixo não. 

As abelhas me disseram

que lá existem caminhos

feitos de doces perfumes.

As libélulas confessaram

ter visto a deusa da poesia

esvoaçando sobre jardins

e lagoas encantadas.

Os pirilampos confirmaram

que eles são os condutores 

das energias do natal.

Eu não ficaria surpreso

se as cegonhas realmente

entregassem bebês e

o Papai Noel voasse

em seu trenó com renas,

visto que na atmosfera 

deve mesmo haver 

grande magia, porque

os balões de gás querem

escapar das criancinhas

e desaparecer no azul

mais alto do céu;

as pipas dançam de alegria,

abraçadas pelas brisas

sopradas pela liberdade;

as folhas saltam das árvores

em um voo aventureiro,

de peripécias, antes de

finalmente beijarem a terra.

Por certo que o arco-íris

e a aurora boreal fazem

nossas almas se elevarem

emocionalmente e nos 

sentimos até angelicais.

Então, se você é humano

e sente que possui asas,

voe, por favor, voe longe!

Não tenha medo de perder

o chão das mesmices,

pois se você voar de verdade

jamais ficará sem chão,

muito pelo contrário,

você finalmente se sentirá 

vivo, leve, livre, pleno

e cantarolando ao pousar.

…E mesmo que isso tudo

não passe de fantasias,

sonhos, histórias de ninar,

comemore, encha o ar

de confetes, serpentinas,

de fogos de artifícios e

drones de luzes coloridas,

para vencer as sombras 

das guerras que pairam 

no ar…


Santo André SP Brasil. 

16 de dezembro de 2024.