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quinta-feira, 5 de junho de 2014






















Não sou este / por O.Heinze

Sou estas linhas de expressão
chamadas velhice, exaustão,
cravadas pela dor,
pela falta, pelo desamor.
Sou uma risada chorosa,
rindo de mim mesmo, só,
rodeado por milhões de gentes
tão ou mais sós do que pó.
Sou estas cicatrizes feias
colhidas nos desenganos,
no destruir dos bons planos,
na surpresa da vida cruel,
ora no inferno, ora no céu,
feitas por uns desumanos.
Sou uma pele mal querida,
seja na cor que tiver.
Sou um coração em ferida,
o provável malmequer.
Que se dane se eu morrer,
morrer é apenas ilusão,
morte é este sofrer,
esse modo de sobreviver
nessa vida de cão.
Eu na verdade não sou este
desgraçado de tudo e nada,
sou algo além deste,
sou pessoa santificada.


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