Pétalas sem flor,
a mulher que dizia me amar.
por O.Heinze
Em redor deste simples eu,
estrelas do céu vem ao chão.
Meus pés não são meus,
nas areias perdidas do mar
da vida a me naufragar,
onde ondas vêm e vão,
num sussurrar de solidão.
Aqui eu me recomponho
e sinto a mentira do mundo,
a frieza do espaço profundo
entre as pessoas e os sonhos.
Pressinto que em algum lugar
meu eu da coragem existe,
à beira-mar do amar,
sua esperança persiste,
com a vida da alegria.
Cai mais uma lágrima triste.
Adeus lembrança onde eu ria.
A lua chama de volta,
a maré triste que me escolta,
então, lanço meu pedido
dentro da garrafa da fé,
depois, a flor do amor perdido,
da mulher que já não é,
pois vai fluindo em marcha à ré.
Que a garrafa possa alcançar
um eu cheio de esperança,
ou meu eu sóbrio da temperança,
para, enfim, meu eu me resgatar
e sanar esta dor cruel;
este amargo gosto de fel;
este suplício em parecer réu;
esta falta de ouro do anel.
Duas almas brindam
a paixão na imensidão ao léu,
enquanto meus eus findam
meus ecos do ego sem céu.
Santo André, outubro de 2022.
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