Fotografia: O.Heinze
O.Heinze
Quase entendo a loucura
do voo de alguém que salta
para o vazio da morte
e entre o cume do edifício
e o asfalto alheio e rijo
tenta saber sua identidade.
Desde sempre busco me achar
inteiro na minha individualidade,
mas algo falta e me castiga,
algumas peças do todo
que completariam meu eu.
E assim me vou buscando:
no olhar nos próprios olhos;
na ilusão dos vícios;
na atmosfera do romance;
na experimentação sexual;
na inocência da minha infância;
nas rusgas de minhas rugas;
na vida e morte diárias;
durante a partida de xadrez;
na meia laranja que não chupei...
Em milhares de pessoas me busco.
Não me acho dentro nem fora.
Quê raios sou eu???
Quê diabos sou eu
além das carnes, ossos,
mente, ectoplasma e espírito?
Os grandes filósofos já sabem.
Os mestres da interiorização também.
Todos dizem que sabem
quê são eles e até os outros.
Mas eu não sei,
continuo querendo me encontrar
para poder me apresentar à mim.
Você que sabe quê sou eu
não me diga, deixe eu descobrir,
pois mesmo que esta busca
seja sem fim, eu preciso tentar,
tentar saber quê sou
e principalmente porque sou.
Um comentário:
Amigo poeta, sempre nos surpreendendo com suas reflexões, buscas e sensibilidade.Assim, ao ler um poema seu, além da recreação, levamos sempre uma mensagem que nos acrescenta algo de bom.
Sou sua fã.Abraço!
Espero tb sua visita, rs...
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