Translate

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Espírito de Natal / por O.Heinze

Neste ano um monte de gente
vai passar o Natal com outro monte de gente.
Outro montão de pessoas
vai passar o Natal com Jesus Cristo.
Já que essa multidão e Jesus já tem companhia
vou passar o Natal apenas comigo
e minha cachorrinha de estimação.
Ó... Deus falou agora aqui para mim
que gostaria de passar o Natal comigo.
Ah... Legal! Então vai ser eu e Deus
e mais a cachorrinha de estimação.
Sabe Deus... Já que está aqui por perto
gostaria de conversar um pouco,
falar de coisas que me vão ao coração e a alma.
Neste tempo de Natal me vem lembranças
do tempo de minha infância.
Ficava triste em perceber que papai Noel
tratava as crianças de modo diferente.
Nós éramos pessoas simples,
mas sempre havia no dia vinte e cinco
um presente na árvore, mesmo que singelo.
Ainda lembro em quando olhava pela janela
e via outras crianças pobres na rua,
que não haviam ganhado nada,
nem árvore de Natal possuíam.
Meu coração apertava e não conseguia reter
as lágrimas que me pulavam dos olhos.
Pensava que a crença de magia delas
talvez fosse menor que a minha, pois
eu prendia vagalumes em caixinhas de fósforo
e estes se transformavam em moedas,
mas nas delas não, os vagalumes apenas sumiam.
Nunca, Deus, entendia essa diferença entre nós.
Até nos dias de hoje não entendo
por que sendo nós vossa imagem,
semelhança, temos destinos distintos,
magia diferenciada, merecimento desigual?!
Sabe Deus, não me responda agora.
Quando estivermos juntos no Dia de Natal,
somente eu, Você e uma cachorrinha,
dentro do Espírito Natalino,
Eu possa entender o porquê disso tudo
e chorar com um pouco mais de esperança.

domingo, 14 de dezembro de 2014

AIGOLONCET (fim da humanidade) / por O.Heinze

Uma inteligência poderosa
conseguiu chegar até nós.
Veio do espaço sideral
e se alojou no planeta.
Isso já faz um bom tempo
e nem nos apercebemos Dela.
Foi crescendo incrivelmente,
rápida e ordenadamente.
Invadiu todos nossos setores
e também os sistemas,
o mais usual hoje em dia
o da telecomunicação,
essa coisa fascinante, a qual
achamos dominar, controlar,
mas que em verdade hipnotiza,
nos consome e se apodera.
Está roubando nossa mente,
alma, sentimento, tempo,
está nos exterminando...
A cada dia vivemos menos
e Ela vive absurdamente mais...
Deixamos de amar em troca dela,
esquecemos nossa família,
nossos reais valores,
nossa humanidade pura
e damos toda atenção para Ela.
Não sei se ainda há tempo,
força para nos livrar, salvar,
pois os dias já não são os mesmos,
não tem mais vinte e quatro horas.

domingo, 23 de novembro de 2014

Sou do tempo que...

Cortejava-se com buquê de flores
abria-se a porta para a amada
e a conduzia com segurança
do lado interno da calçada.

Na hora da despedida
beijava-lhe a mão com respeito
e saía carregando no peito
toda paixão e alegria da vida...
E quando a reencontrava
ficava um tempo sem palavra
alimentando-me com seu perfume
com sua aura em lume
e seu olhar que encantava...
Puxava-lhe a cadeira a mesa
exaltava sua doce beleza
e admirava seu porte e costumes...
Andávamos de braços dados
e no romance sublimado
jurávamos o amor que reúne...
Escrevia-lhe com toda poesia
que ela beijava com seus batons
e para lembrar os encantados dias
guardávamos os papeis de bombons...
Hoje em dia ainda ajo assim
dessa maneira antiga de ser
porque dar atenção sem fim
me faz sentir enobrecer
pois sou do tempo, do tempo que...

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A porta / por O.Heinze


Fechei as janelas do computador
para ir a realidade da rua.
Abri a porta, mas recuei.
Fechei a porta, nela me recostei,
como que para ter garantia
de que estaria bem trancada.
Pensei: e se lá fora
houver somente paz?
Que fazer com algo que não sei lidar?
Se tudo for silêncio, calma,
descongestionamento, ar puro,
liberdade até a alma,
gente sorrindo, segurança,
rodando felizes, crianças,
numa ciranda de amor?
Me diga, oh razão, por favor,
se o mundo de repente só for
como era antigamente,
simples e consequente,
fácil de relacionar?
Que será de mim, pobre mortal,
que me tornei duro e incrédulo,
meio que surreal, alucinado,
frio, robô mal amado,
ser humano nada natural?
Talvez seja hora afinal,
de me embrenhar no mato
para reencontrar meu formato
de ser humano total.
Pois essa normalidade que vivo,
de ser da cidade um nativo,
está me fazendo sentir
que não sou mais de mim,
não sou de mais ninguém.
Tenho a impressão do fim,
que nossa raça criada aquém,
em buscando a salvação,
cultiva a própria extinção.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O inferno é aqui / por O.Heinze

Então... Talvez, você não tenha notado
mas a gente deveria se amar
porque sem você eu não vivo
e sem mim você vive morrendo.
Na verdade seguimos nos matando.
Cada suspirar nosso, nos consome
corrói nossas células e planos de eternizar.
Deveríamos manter um ar melhor
mas nossa vaidade e ignorância não deixam.
Deveríamos manter o mundo natural
mas aqui nesta corrida pela vida
é cada um por si, o resto... Se dane!

Pensam: “que morra toda humanidade
desde que eu use o mundo a meu modo;
estou nem aí para meus descendentes
desde que eu goze do melhor.
Mato tudo que não deve ser morto
manipulo tudo que deveria ficar intocável
e me faço o mais poderoso.
Afinal, um dia, vou morrer duma vez
e tenho que usufruir tudo que dá
antes de ir, muito provavelmente
para a dimensão desértica das sombras”.

As pessoas se atropelam para sobreviver;
os países se massacram para sobreviver.
Triste humanidade, não percebe
não devemos chegar antes dos outros
mas sim chegarmos juntos, pois
o mundo é redondo, único
e temos que nos unir para vencermos
mas preferimos separar, enfraquecer.

Uma flor vinga sem cobrar nada
e dá toda sua vida de beleza.
Será que um dia iremos florir com graça
e poderemos morrer em paz?

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Minha tristeza é mais triste

Minha tristeza é mais triste
que um sonho que desiste;
que uma roseira sem rosa;
que cor de borboleta idosa
toda largada no chão,
feita assim, chuva sem razão.
Um piado perdido de filhote;
o eco do uivo de coiote.

E não é uma tristeza
de fora para comigo,
e sim, de dentro para contigo,
esse eu fraco lá fora
que poderia tudo na hora,
numa realização de coisas novas
vinda do mundo de gozos e provas.

Mas que continua aqui,
feita fruta madura caqui,
insistindo em ficar... Ficar...
Querendo ser colhida, sem deixar...

domingo, 21 de setembro de 2014

No meu céu / por O.Heinze






















 No meu céu, hoje
chovem chuvas e flores.
Estou doando cores
das minhas histórias gozadas
que fazem chover dores
e também dar risadas.
Neste céu meu
voam crentes e ateus
livres igual liberdade.
Seja quem for
criança ou pessoa de idade
se enche de amor
de felicidade.
Porque no meu céu
ah no meu céu...
vive humanidade.

domingo, 14 de setembro de 2014

 O namoro / por O.Heinze

...E lá estava ela
me esperando tranquila
no gramado do parque.
Em pé e totalmente desnuda,
sob um céu inteiro azul
e um sol de onze horas.

Emocionado me aproximei
e sem perder tempo
abracei-a com força,
com todo meu amor
e assim ficamos
por um longo tempo...

Depois a beijei com carinho
e me afastei lentamente
olhando-a de baixo ao alto
enquanto tentava, talvez saber,
o que ela sentia por mim...

Disse-lhe então que voltaria
para vê-la com folhas
no auge da primavera...

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Santa Guerra / por O.Heinze

Talvez a bomba de maior explosão
era da mão contra o saco de papel
cheio de ar e já sem o pão.
Na guerra das crianças ou adolescentes
se via só arranhões inconsequentes
pelos tombos que jogavam ao chão
um bando de brincalhões contentes.
Seja no futebol de rua
no pega-pega, no mãe-da-rua
ou caçando insetos aleluia.
Contendas nas rodas de peões
bolas de barro, enlaces de pipas
trilhas de pólvora aos clarões
espadas feitas de ripa.
Sobre valentes cavalos-de-pau
fazendo caretas para parecer mal.
O calor maior da batalha
se dava no jogo de queimada
ou na luta pela medalha
na partida de xadrez intrincada.
Umas detonavam o quarto inteiro
durante a guerra de travesseiros.
O sangue somente aparecia
nas guerras de tomates
de amoras ou melancias
nos mais doces combates.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Se não fossem os pássaros / por O.Heinze








fotografia de O.Heinze












Se não fossem os pássaros
com seus cantares de liberdade
só ouviria a humanidade
ruídos, bombas e gritos
e alguns hits esquisitos
desfazendo a tranquilidade.
Mas no ar ainda há alegria
desses pássaros que nascem o dia
demonstrando como é que se faz
uma atmosfera cheia de paz.
Bem no fundo o homem não quer
ter paz nem passarinhos
ele quer uma coisa qualquer
que não espalhe mais ninhos.
Nem flores tampouco. As flores...
elas nem cantam nada
mas falam tudo caladas
na solenidade das dores
ou nas paixões em floradas.
Um dia todos saberão fluir
no silêncio mais profundo
e conseguirão discernir
entre o ser e o iludir
nessa vida do mundo.

domingo, 24 de agosto de 2014

Pássaro aleijão / por O.Heinze

O pássaro aleijão
não gostava de chão
e amava tanto voar
que uma terceira asa
lhe nasceu do nada, então
foi tanto que ele voou
que passou a temer o não!
Não sabendo nem mais pousar
seguiu e seguiu a planar
vivendo de lembranças e solidão.

Como um seu lado voava mais forte
passou a prosseguir em círculos
perdeu o rumo do norte
e também todos seus vínculos.

Certo dia ficou tão exausto
adormeceu num bolsão quente
de ar que seguia em seu encalço
lhe deitando numa nuvem tamanha
que o largou sobre a montanha.

Quando ele acordou e sentiu
novamente a firmeza do chão
mais que depressa decidiu:
cuidaria da sua razão;
tiraria a terceira asa;
não despencaria nas sarjetas;
voltaria para sua casa;
daria adeus às muletas.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Poesia de um tolo / por O.Heinze

Mas que bobagem é esta
de me entregar à poesia.
Mas também, nada me resta
nessa vida sem alegria.

Ao menos ao permitir
que a poesia me abrace
sinto meu dia fluir
e um amor em face...

Faz eu bem acreditar
que ainda sou gente
que posso sempre amar
que mereço ir em frente...

Não ganho com poesia
ouro, prata, dinheiro
mas uma rica alegria
me toma por inteiro.

E não é que de repente
descubro na poesia
um mundo inconsequente
na mais pura fantasia.

Que não me leva a nada
pois é apenas ficção
só fazendo dar risada
e abrir o coração.

E até ver essa vida
de quase infelicidade
como vida colorida
em um mundo de verdade.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Deusa Apaziguadora / por O.Heinze

Em contraste com a imensidão
de um céu nu de inverno
uma minúscula borboleta amarela
risca o azul abandonado
ora indo para cima, ora para o lado
clara como a vontade da paz
parece querer escrever algo
do tipo faz de conta ou não faz?
Own vontade de poder ser
toda liberdade dessa pequenina
feito um sonho que ilumina
refazendo o dia nascer.
E mudando de direção
voou e voou para a cidade
na mão e na contramão
da energia da felicidade.
Quê quereria me dizer
com funesta atitude
pois poderia até morrer
voando na baixa altitude.
Então, em primeiro lugar
pousou na mão do mendigo
depois numa mulher a chorar
e aí na criança em castigo.
Após, na arma do ladrão
na condenada tão triste
na miséria do largado cão
na mão com o dedo em riste.
No colo do abandonado
no cassetete do soldado
na dor do injustiçado
na solidão do mal amado.
Na criança esfomeada
na mulher violentada
na idosa maltratada
na deficiente ignorada.
No homem estressado
no menino sem memória
no simplório enganado
no mundo sem história.
Então pude bem entender
o que a borboleta veio ensinar
vivemos pesados a sofrer
e sem paz não podemos voar.

sábado, 2 de agosto de 2014

As lágrimas falam / por O.Heinze

Não tendo por que chorar
chorei para o amanhecer
talvez tentando dizer
do poder ser, poder estar...

Feliz, pois em mim havia
lágrimas de pura prata
escorrendo em cascata
pousando numa teia fria.

Tão só feito uma aranha
na teia da bendita vida
fios da alma incontida
onde a emoção me ganha.

É preciso saber morrer
para nascer de verdade
e viver com liberdade
para morrer de prazer.

Por isto choro assim
pois sou tudo e nada
sou essa teia molhada
sou criação sem fim...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Morena do ipê / por O.Heinze

Sabe árvore rosa de ipê
passou-se exato um ano
da vez em que vi você.
Comunica-me por que
lança-me tantas flores
fazendo um tapete de cores
que as pessoas nem ligam
ignoram e até pisam
será, pois, não sentem amores?
Mas eu não, eu as guardo
todas em meu coração
tanto as nas copas
quanto as no chão
senti do cupido o dardo.
Pobre humanidade, não sabe
com uma só flor tua
entrei numa espaçonave
de atmosfera de paixão pura.
Essa flor de beleza plena
ofertei a uma mulher morena
de corpo de formosura
e alma alva e serena
feita flor de ipê madura.
Que por esse ano inteiro
trago junto ao meu peito
pois com seu jeito faceiro
tornou meu mundo perfeito.

sábado, 19 de julho de 2014

Dia de Gente

Samba "Dia de gente" de O.Heinze. Concorrendo com uma vaga no EXPOSAMBA.



Dia de Gente
(letra)

Có có có coró có có
canta o meu despertador
o sol nem nasceu e ó
puxam o meu cobertor.

Boto café pra coar
hora de ir trabalhar
a dispensa tá vazia
tenho que ganhar o dia.

Bato a pé meia hora bem puxada
pra chegar a ferrovia
que essa hora tá lotada.

No trem já não cabe mais ninguém
mas não sei com qual magia
de repente entro também.

Tché tché tché tcheré tché tché
segue mole o vagão
se eu levantar o pé
não encontro mais o chão.

E depois de três paradas
minha blusa tá suada
com meia hora rodada
já tem gente desmaiada.

Chegamos à última estação.

Muita gente tá amassada
muita gente tá com embrulho
pouca gente dá risada
muita gente faz barulho
sobe escada, desce escada
tem que engolir o orgulho
lá fora fila dobrada
pro tal ônibus bagulho
e  na hora atrasada
chegar na firmado entulho.

Pá pá pá pará pá pá!
Bate na mesa o patrão.
-Tá atrasado ô rapá!
Grita ele com razão.

E pra salvar o meu dia
vou jogar na loteria.
Vivo de um só salário
mas sonho ser milionário.

Vivo de um só salário
mas sonho ser milionário.

Vivo de um só salário
mas sonho... Ser milionário.

Ser milionário.
Ser milionário.
Ser milionário.


Osvaldo Heinze

sábado, 12 de julho de 2014



Despertar / por O.Heinze

Minha cozinha tem duas janelas
feitas de ferro e vidro
a  do leste nasce amarela
a do sul vive com hidro.
E pela amarela eu sonho
em ter um dia bendito
enquanto me componho
na esperança que dito
numa oração sentida
que mareja minhas pálpebras
pois amo minha vida
complexa feita álgebra.
Depois me viro ao sul
para a janela que mais chove
desejoso de mais azul
para lavar o que me comove.
E antes de sair confiante
pala porta da cozinha
sinto-me um fabricante
da própria vida minha
e não falto ao trabalho
de fazer mais um dia
livre ou no encalho
dependo só de alegria.

sábado, 5 de julho de 2014

Todo teu corpo e tua alma inteira / por O.Heinze

Quero receber todo teu olhar
para conhecer tua alma inteira,
igual enquanto olhas tua flor preferida.
Quero receber todo teu corpo,
entrar dentro de ti se abrindo,
feito o perfume aspirado daquela flor,
e através de teus pulmões
chegar ao teu sangue apaixonado
e com ele ao teu coração,
só para sentir teu amor por mim.
E depois subir até tuas ideias,
só para saber tua loucura por mim.
E ao conhecer-te fora e dentro
poder morrer, morrer de amor,
morrer para toda vida,
pois já estarei na felicidade...




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sou? / por O.Heinze















Fotografia: O.Heinze



O.Heinze



Sou?

Quase entendo a loucura
do voo de alguém que salta
para o vazio da morte
e entre o cume do edifício
e o asfalto alheio e rijo
tenta saber sua identidade.
Desde sempre busco me achar
inteiro na minha individualidade,
mas algo falta e me castiga,
algumas peças do todo
que completariam meu eu.
E assim me vou buscando:
no olhar nos próprios olhos;
na ilusão dos vícios;
na atmosfera do romance;
na experimentação sexual;
na inocência da minha infância;
nas rusgas de minhas rugas;
na vida e morte diárias;
durante a partida de xadrez;
na meia laranja que não chupei...
Em milhares de pessoas me busco.
Não me acho dentro nem fora.
Quê raios sou eu???
Quê diabos sou eu
além das carnes, ossos,
mente, ectoplasma e espírito?
Os grandes filósofos já sabem.
Os mestres da interiorização também.
Todos dizem que sabem
quê são eles e até os outros.
Mas eu não sei,
continuo querendo me encontrar
para poder me apresentar à mim.
Você que sabe quê sou eu
não me diga, deixe eu descobrir,
pois mesmo que esta busca
seja sem fim, eu preciso tentar,
tentar saber quê sou
e principalmente porque sou.

sábado, 21 de junho de 2014

Porque sou homem / por O.Heinze

Ser mesmo homem
é chorar igual criança
na saudade da lembrança
pois as forças lhe somem.

É plantar e colher flores
para distribuir com amores
e mesmo nos dias sem cores
sorrir feito fazem os atores.

Ser homem de verdade
é ser um tanto mulher
para bem tratar quem vier
de toda essa humanidade.

Pois o homem completo
carrega todo sentimento
sabe o quê vai por dentro
da mulher que leva o feto.

E então ele é feliz
pois entende a mulher
e recebe quem estiver
pedindo ajuda e diz:

Sou apenas um homem
mas posso carregar o mundo
tenho o amor mais profundo
me levem todo, tomem!...

quinta-feira, 12 de junho de 2014



Salvação



Fotografia de O.Heinze









Salvação / por O.Heinze

A chuva caiu
e todos se refugiaram,
pássaros, bichos,
insetos e gente,
até os peixes afundaram.
Mas eu não,
eu continuei
seguindo sob ela toda.
Suas gotas cantavam algo
que somente eu podia ouvir,
um hino de solidão e paz.
Cada gota trazia um beijo,
um carinho escorrendo ao rosto
e toda doce salvação.
Minha roupa colada ao corpo
queria me prender sem dó
neste mundo de misérias,
mas eu já estava líquido,
translúcido e purificado.
Adeus vida dura e seca!

quinta-feira, 5 de junho de 2014






















Não sou este / por O.Heinze

Sou estas linhas de expressão
chamadas velhice, exaustão,
cravadas pela dor,
pela falta, pelo desamor.
Sou uma risada chorosa,
rindo de mim mesmo, só,
rodeado por milhões de gentes
tão ou mais sós do que pó.
Sou estas cicatrizes feias
colhidas nos desenganos,
no destruir dos bons planos,
na surpresa da vida cruel,
ora no inferno, ora no céu,
feitas por uns desumanos.
Sou uma pele mal querida,
seja na cor que tiver.
Sou um coração em ferida,
o provável malmequer.
Que se dane se eu morrer,
morrer é apenas ilusão,
morte é este sofrer,
esse modo de sobreviver
nessa vida de cão.
Eu na verdade não sou este
desgraçado de tudo e nada,
sou algo além deste,
sou pessoa santificada.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Noventa e nove, cem! Lá vou eu...

A única diferença
entre mim e a criança
é que por fora
aparento cinquenta
pois por dentro
sou tão ou mais criança.
Então me virei do avesso
guardei a maturidade dentro
e libertei minha inocência.
Sorri para as pipas
toquei campainha e corri
comprei goma de mascar
e gibi cheirando a novo
olhei enquanto contava até cem
trapaceei no jogo com dados
relembrei algumas dobraduras
e o cheiro do giz de cera...
Quando guardei a mim criança
e vesti meu eu cinquentão
me senti desamarrotado
mais doce e iluminado...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Borboletas e prostitutas / por O.Heinze

Vivem soltas no parque
borboletas e prostitutas
no eterno embarque
diário de suas labutas...

Vestem-se parecidas
com cores vibrantes
fazendo-se queridas
pelos seus amantes...

Sempre perfumadas
alegres pela vida
borboletas na florada
prostitutas na avenida...

Ambas são caçadas
por seres solitários
homens nas calçadas
e meninos visionários...

Borboletas e prostitutas
consolam os tristonhos
umas vendendo frutas
outras compondo sonhos...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

4a Vitrine de Arte de São Caetano do Sul.
























........................................
Convido todos para a "4a Vitrine de Arte". Estou concorrendo com uma obra. Vai ser muito bom estar com vocês na abertura.
.......................................................................................................................

Fundação Pró-Memória abre mostra coletiva de artistas da cidade e disponibiliza revista Raízes para download

A partir de 15 de maio, a Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, por meio da Pinacoteca Municipal, dará uma mostra do que está se produzindo em arte no município. Nesta data, às 19h, será realizada a abertura da 4ª Vitrine de Arte – Mostra Coletiva de Artistas de São Caetano do Sul, que reúne 91 obras de 58 artistas que nasceram, residem, trabalham ou estudam na cidade.

Tendo como objetivo o conhecimento e a divulgação da produção artística local, além de revelar novos talentos e provocar discussões em torno desta produção, o projeto chega a sua quarta edição com sucesso. Foram mais de 150 trabalhos inscritos por 63 artistas. Entre pinturas, fotografias, esculturas e instalações, é possível encontrar obras com temas e materiais tradicionais e deparar-se com inusitados fazeres contemporâneos.

A 4ª Vitrine de Arte – Mostra Coletiva de Artistas de São Caetano do Sul fica na Pinacoteca até o dia 12 de julho. O endereço é Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255, Bairro Santa Paula. A visitação é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h. Mais informações pelo telefone 4223-4780.

Revista Raízes – Durante a abertura da 4ª Vitrine, a Fundação Pró-Memória fará o lançamento do novo site da instituição (www.fpm.org.br). Com um visual mais moderno e de fácil acesso, o portal está no ar com muitas novidades. Visando servir como ferramenta de pesquisa aos interessados pela história de São Caetano, a principal inovação é a disponibilização da coleção completa da revista Raízes para download gratuito.

Todos os números da tradicional publicação da instituição, que está em sua 48ª edição, poderão ser acessados por qualquer pessoa, em qualquer lugar. Além disso, o novo site conta com uma página de serviços, programação e notícias atualizadas e exposições fotográficas virtuais. Mais informações sobre o site pelo telefone 4223-4780.

Paula Fiorotti
Fundação Pró-Memória

sábado, 10 de maio de 2014

A primeira mulher da minha vida






fotografia de O.Heinze














 Minha mãe Zuleika



Certo dia
eu conheci uma mulher
de dentro para fora.
Senti bem de perto
seus pensamentos, sonhos,
medos e alegrias.
O retumbar de seu coração
em compassos diferentes
dependendo da sinfonia da vida.
Até o dia em que ela avisou-me
que não poderíamos ficar tão ligados.
Pôs-me para fora de sua casa,
me olhou com olhos de lágrimas
e um sorriso bastante cansado.
Então a conheci também
de fora para dentro.
Essa mulher foi meu castigo,
mas igualmente tanta felicidade.
Bem que tentamos viver longe,
mas nossos corações nunca separaram.
Essa mulher especial da minha vida
tem o nome mais comum do mundo,
o nome dela é apenas mãe.

quinta-feira, 8 de maio de 2014


 Meu Céu






 fotografia de O.Heinze







Meu Céu

Meu céu é mesmo lindo!
Um dia ainda vou voar nele,
não de avião,
não de asa-delta,
não num suicídio,
não de paraglider,
não de paraquedas,
não de balão,
não de foguete,
não de canhão,
não de bungee jump,
não de vassoura,
não nos cem metros rasos,
não de disco voador,
nem tipo: superman.
Apenas voar, levitar,
feito o anjo do amor
e da liberdade,
só para furar algumas nuvens,
cair junto com as chuvas,
visitar o sol
e também o planeta do amor.
Quem sabe ainda fazer
um piquenique nos anéis de Saturno
e experimentar os queijos da lua,
e ainda dizer alô para São Jorge
e ver se o dragão está bem.
Pegar carona na calda de um cometa
e correr atrás das estrelas cadentes.
Namorar um tempo
nosso planeta Terra lá de longe
e chorar de gratidão
pelos tempos que morei nele.
Depois... Depois eu não sei,
talvez eu acorde por um chão gramado
ou encontre um portão dourado,
ou até um de ferro em brasas.
Ha! Ha! Ha! É fogo!
Acho bom eu ir arranjando um extintor dos bons...
Por ora, me deixo indo, cuidando de mim,
pois do contrário não arrumarei asas
nem para a imaginação, que dirá para voar.