Anjo da Morte
por O.Heinze
Houve um tempo
que não entendias a ti
te achavas uma inimiga
não querias ver-te, ouvir-te
sequer pronunciar-te!
De tantas e tantas flores
que exaltei aromas e cores
tu jamais tomastes parte
pois és inodora, incolor
dizem-na rainha da dor.
Clamei por inúmeros anjos
aureolados em luzes
alados e complacentes
para me protegerem
pois a queria distante.
Chamam-na de Morte.
Anjo da Morte!
Hoje quero-te próxima!
Entendo agora quem és.
Não lha temo mais.
Medo tenho eu somente
em deixar de amar a vida
neste mundo de terra
ou em mundo invisível.
Medo ainda da guerra
que mata o sonho tangível.
Medo da desigualdade
da falta de humanidade
que fomenta o crime
provoca a sede, a fome
e associam ao teu nome.
Medo da humanidade
deixar de humanizar
da criança não sorrir
do idoso não ter paz
da flor não mais florir
a razão ser incapaz.
Quantas vezes gritei:
melhor que isto é morrer!
Pois foram tantos hospitais
tratamentos infernais
coisas de mim roubadas
paixões esfaceladas.
Mas tu não levastes a mim
apenas rondavas, alertavas
que tudo teria um tempo...
Que eu cuidasse
muito bem do meu ser
me enxergasse
e vivesse sem tanto morrer.
Santo André, 01/10/2021.