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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Ser ou não Ser. com / por O.Heinze







 fotografia/O.Heinze













Talvez o tempo presente esteja desinteressante
e mergulhamos nas lembranças boas da vida,
mas as lembranças que jaz tão fortes
feitas o melhor filme de ação e aventura,
vão perdendo quadros atrás de quadros,
até virar uma fotografia estagnada
e depois nem isso, desbotada, jornal velho,
que mal serve para acender uma fogueira,
que ascenderia ao calor nossa alma.

Talvez o tempo presente esteja desinteressante
e voamos para um futuro incrível,
que elaboramos com carinho e gosto.
A vida no amanhã tem obrigação de ser melhor
do que esse agora que nos metemos,
mas o que planejamos para amanhã não chegou
e lembramos que hoje ainda não foi o grande dia.
Só que a esperança é a última que morre
e continuamos acreditando que o universo
atrasou um pouco àquilo que queríamos,
e os dias passam... Passam... E passam tanto
que até esquecemos o que estávamos aguardando
para um futuro melhor.

Talvez o tempo presente esteja desinteressante,
e para ficar mais colorido inventamos um vício
que nos remete para um mundo paralelo,
onde as coisas são incríveis nos primeiros dias
e achamos ter encontrado a solução para a vida.
Carregamos até outras pessoas conosco
e são tantas fazendo a mesma coisa
que acreditamos que a sociedade vai se unificar,
ser feliz, viver no paraíso, transcender de gozo!
De repente nos vemos quase numa overdose
e voltamos para a realidade do cotidiano presente.
Mas muitos não voltam, preferem outra dimensão,
creem de pés juntos que lá é melhor, mais fácil.

Talvez o tempo presente esteja desinteressante,
mas por quê, afinal? Haverá receita para mudá-lo?
Há sim! Muitas duram um tempo, até enjoar.
Será que um dia, já anjos, idolatraremos o presente,
pois o presente não será mais um tipo de tempo,
mas um estado de plenitude de vida?
Mas, e em estando nós plenos de tudo,
não sentiremos uma saudade danada do presente cruel,
que nos enclausura no passado morto
ou no futuro incógnito desta vida absurda?

Talvez o tempo presente esteja desinteressante.
Em verdade nunca estaremos inteiros em tempo algum.
Uma parte de nós não pode viver onde estamos,
e claro, não nos sentimos completos,
não nos entendemos como sendo nós mesmos.
Essa é nossa sina, tentarmos unificar nosso todo individual
e coletivo consequentemente, porém,
sem jamais realizarmos isso, pois alcançaríamos o final,
e isso seria um contrassenso, afinal,
cada um de nós nasceu para eternizar...