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domingo, 28 de novembro de 2010


A ilha urbana

Moro numa ilha
de dias costumeiros.
Em derredor fronteiras
que estipulei e não passo.
Medo de ir além
como se houvesse água
profunda e de ninguém
que trariam mais mágoa.
Penso em fabricar
meu barco voador
e feito lençóis no varal
inflar velas de coragem
fazer o casco da cara de pau
gritar qualquer bobagem

A TODO PANO!

ALÇAR A ÂNCORA DA DÓ!!!

Seguir sem piedade
soltando os nós.
Abraçar a liberdade
e partir valente
acendendo os canhões
contra qualquer censura
ou norma delinqüente
subindo a bandeira da paz
que todos temem demais
e ir ofegante de bravura
conhecer um lugar novo
cheio de santa loucura
sem ser náufrago do povo...

terça-feira, 16 de novembro de 2010


Fotografia de O.Heinze


Folhas secas / por O.Heinze

Quando com o vento
as folhas secas
correm sobre o calçamento
não sei se elas cantam
ou resmungam um lamento.
Queria mesmo sabê-las
trocar entendimentos...

Mas deste plano
até mesmo dos humanos
muito pouco conheço
que dirá dessas folhas
que viveram no ar
com o espaço a lhes embalar
e receberam seivas do chão
com idade de mais de milhão
de experimentação?!

Ainda preciso freqüentar
muitas escolas da vida
para poder conversar
com uma folha caída...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pode ser de brincadeira / por O.Heinze

Quero de ti
o açúcar no beijo
o perfume nas maçãs
o cravo nos olhos
a canela nas pernas
a calda na emoção
o fogo na paixão.

E eu, pobre de mim...
só lhe darei minha fome
minha alma toda assim
pedindo... me come!

Darei também meu amor
o verdadeiro
o falso acabou em fevereiro.

Quer casar comigo?
Pode ser de brincadeira.
Aí, quando ficar sério
a gente fica de bobeira...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Súplica / por O.Heinze

Cansei de falar concreto
gritar coisas estúpidas
sigo calado, discreto
rezando minhas súplicas

Assim...

Pensei que o mundo fosse de todos
gentes, bichos, flores, anjos
mas os demônios já nem disfarçam
nem usam mais peles de ovelhas
usam as próprias peles
com ouro até as orelhas.
Roubaram o mundo do mundo
usando línguas de facas e olhos de fogo.
Não sabem mais falar de amor
nem vêem que crianças são crianças.

E é pelas crianças que eu peço
oh céus, por elas que eu peço...

Quando as crianças voltarem
os bichos ficarão salvos
as flores voltarão perfumadas
os anjos pousarão por aqui
e os mundos serão para todos...

EU VOU CONTAR - música de e cantada por Osvaldo Heinze