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sábado, 25 de dezembro de 2010




Do leito do hospital / por O.Heinze

Do leito do hospital
olho além da janela
no céu de puro azul
voa alto um urubu.

Queria que ele pousasse
aqui na minha janela
e me emprestasse suas asas
para eu sentir liberdade...

Mas talvez eu não voltasse
para dentro da janela
e eu não poderia deixar
o urubu sem as asas adoecer.

Voltei olhar pela janela
o urubu voa com amigos
lembrei que tenho amigos
logo vamos voar juntos...

domingo, 19 de dezembro de 2010


LUZ DE DEUS sobre O.Heinze


Queria conversar com Deus / por O.Heinze

Queria conversar com Deus
mas tipo: olho no olho.
Ir à sua casa (não de nuvem)
casa dessas de verdade
com rua, número, cidade.

Falar que ando triste
cansado de ser adulto
da ilusão em que vou...

Se encontrasse com Deus
pediria minha infância de volta
meus peões, pipas, gibis
e àquela alegria.

Sei que criança vive na ilusão
mas é uma ilusão cheia de vida.
O adulto sobrevive de ilusão.

Penso que o viver ainda
não é coisa para mortais...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Para quem gosta de conto, aí vai: "MENINO"


Osvaldo Heinze ao centro com 13 anos de idade.

Menino / por O.Heinze

“Menino” era uma criança adorável e que conheci muito bem. Na verdade o vi nascer e sempre acompanhei sua educação, por conta disso posso falar da vida de traquinagens que esse molequinho gostava de levar.

Sua família não tinha uma condição das mais fáceis e raramente podiam lhe dar o brinquedo que ele sonhava, então ele inventava com que brincar fazendo assim seus dias mais animados e divertidos. Bem... O que não lhe faltava era criatividade.

“Menino”, como era chamado por todos, recebeu esse apelido pelo fato de toda hora estar sumido por algum canto da casa ou do enorme terreno repleto de árvores e plantas ou ainda num coberto nos fundos de seu quintal onde todo tipo de tralhas eram guardadas. Nesses espaços que ele criava suas “artes” como passatempo. Sua mãe vivia chamando-o para se certificar do que ele estava fazendo e como ele nunca respondia, ela insistia:

-Cadê você menino? Ô menino que some toda hora!

Responda menino!

Até uma arara que vivia no quintal ao lado aprendeu a imitar e remendava:

-Menino! Currupaco! Ê menino... Menino!

Seus dois irmãos então caçoavam dele: Vem menino lindo da mamãe, vem menino, vem... E o apelido pegou!

Quando ele aparecia, nossa! Sempre era uma surpresa! Ou estava de barro até as orelhas, ou tinha arranhões daqueles dos grandes ou uma bela bolha de martelada no dedo! Isso sem falar de um olho roxo da briga na rua por causa do jogo de bola. E aquela vez então que a perna trincou por uma coisa pesada que caíra em cima dela. Sua mãe já tinha desistido de ter cortinas na porta da cozinha que saia para o quintal, pois não se via quem vinha do outro lado e ele vivia dando encontrões nos outros por culpa de suas correrias de sempre... Um dia, num desses encontrões, sua mãe vinha com uma panela cheia de água e ele tomou aquele banho frio. Sorte a dele, já imaginou se fosse uma daquelas águas quentes para desengordurar as roupas?

Muito curioso, sempre andava atrás de sua mãe perguntando coisas:

-Mãe: por que quê eu tenho tanta sarda?

-Ora, por que sim filho!

-E o que eu esfrego nelas para elas saírem daí?

-Ah meu filho...

-Mãe: por que o bem-te-vi grita bem te vi?

-“Menino”, vá arrumar o que fazer e me deixa trabalhar, viu?

-Como que eu vou aprender se ninguém me responde nada! Resmungava baixinho.

“Menino” sempre teve uma saúde de ferro, apesar de ter pegado todas essas doenças comuns da infância que ele contava todo orgulhoso por já ter experimentado.

-Até mordido por cachorro eu já fui! Falava com cara de corajoso! Ele só não mencionava o quanto correu daquele Pequinêz antes de ser abocanhado em seu calcanhar!

Na rua ele brincava de tudo que se pode imaginar: peão, fubeca, corda, bola, carrinho, pipa, pega-pega, mãe-da-rua, esconde-esconde etc. Nas festas juninas adorava fazer fogueiras e jogar bombinhas pra todo lado. É, mas parece que não era o bastante, pois à noite ele às vezes ficava sem dormir imaginando uma nova brincadeira para fazer no dia seguinte.

Apesar de ele viver brincando, sempre era estudioso e ajudava sua mãe em algum afazer doméstico ou capinando o quintal. Por incrível que pareça ainda sobrava uns minutinhos para ele ficar acertando sementes verdes de café nas galinhas da vizinha. Quantas vezes sem ele me ver ria de suas travessuras...

Geralmente conversávamos logo cedo antes do café e antes dele dormir. Ao me perguntar as coisas eu respondia como podia. Nem sempre escutava meus conselhos, talvez pela forte opinião própria que sempre possuiu.

Quando ele tinha ali pelos seus treze anos de idade foi com toda família para a casa de praia que aos poucos era construída, afinal, a renda familiar estava melhorando com o passar dos anos. A cada quinze dias se descia para o litoral para dar continuação à obra.

Como era muito grande o calor, ele e seus irmãos antes do almoço e do jantar, cerca de meia hora, iam se refrescar no mar. Acontece que numa daquelas tardes em que havia quase nada para fazer, “Menino” perguntou para sua mãe se poderia ir sozinho à praia, pois seus irmãos não queriam ir. Ela concordou, sabia que ele era ajuizado, mas relembrou:

-Filho, cuidado, não vá fundo!

-Pode deixar mãe! E saiu todo feliz...

Eram 15H30 e o dia estava lindo. A praia deserta com todo aquele mar só para ele. Eu discretamente o segui e de longe fiquei observando-o. Ele molhou suas mãos na primeira onda como que a acariciando, olhou para a imensidão de água e céu parecendo tentar entender o tamanho de Deus e começou a brincar com as ondas, as estrelas redondas que achava na areia e a correr das beliscadas das pinças de alguns siris mal humorados.

Sem se dar conta ele passou pelo primeiro fosso que se forma nesta região de praia e ficou a brincar no seguinte mais adentro. Com a água pelo peito e distraído foi mais para dentro do mar, pois depois do fosso a água fica bem mais rasa, pelos joelhos mais ou menos. Continuou ali por mais uma hora quando resolveu vir embora por estar exausto de tanto brincar. Aproveitou uma onda forte que veio para deslizar com ela por alguns metros e correu longe até a onda parar, mas acho que quando ele foi por seus pés no chão não conseguiu, a maré havia subido e ele afundou. Senti de longe que algo estava errado, que ele afundava. Percebi que estava bem no meio dum fosso e que pela hora a maré puxava para dentro. Da distância que eu estava só poderia lhe desejar as melhores energias de força e coragem, de que tivesse tranqüilidade e determinação para sair daquela situação. Enquanto seguia para onde ele estava orava e desejava um milagre e acho que Deus me ouviu, pois “Menino” apesar do pouco que sabia nadar se empenhou em usar todas as energias que lhe restavam para sair daquele buraco e batendo seus braços e pernas bravamente e aproveitando quando o fluxo do mar ia para fora, conseguiu finalmente achar chão. Nisso eu me acerquei dele e o ajudei para que conseguisse andar até fora d’água onde se deitou fraco.

Nunca ele havia sentido a morte tão próxima. Num misto de riso e choro “Menino” parecia tentar entender o que havia acontecido e se estava mesmo vivo. Enquanto as sombras do medo se dissipavam e uma grande luz lhe envolvia, acho que por um instante ele até me viu quando balbuciou:

-Obrigado meu anjo da guarda!

Olhando aos céus, eu por minha vez também agradeci por nós dois:

-Graças a Deus!!!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pão da vida / por O.Heinze

Para mim: simples toalha de mesa.
Para os pombos: uma festa!
Quando migalhas voaram aos céus
e depois pousaram no cimentado
do caminho entre os jardins.

Enquanto as aves disputavam
os farelos do pão da vida
minha mansidão escolhia lembranças
que acompanhavam àquele momento

e descobri que os amigos
que nunca me abandonaram
eram mesmo esses anônimos pombos
e as flores, pois sempre voltaram...

domingo, 28 de novembro de 2010


A ilha urbana

Moro numa ilha
de dias costumeiros.
Em derredor fronteiras
que estipulei e não passo.
Medo de ir além
como se houvesse água
profunda e de ninguém
que trariam mais mágoa.
Penso em fabricar
meu barco voador
e feito lençóis no varal
inflar velas de coragem
fazer o casco da cara de pau
gritar qualquer bobagem

A TODO PANO!

ALÇAR A ÂNCORA DA DÓ!!!

Seguir sem piedade
soltando os nós.
Abraçar a liberdade
e partir valente
acendendo os canhões
contra qualquer censura
ou norma delinqüente
subindo a bandeira da paz
que todos temem demais
e ir ofegante de bravura
conhecer um lugar novo
cheio de santa loucura
sem ser náufrago do povo...

terça-feira, 16 de novembro de 2010


Fotografia de O.Heinze


Folhas secas / por O.Heinze

Quando com o vento
as folhas secas
correm sobre o calçamento
não sei se elas cantam
ou resmungam um lamento.
Queria mesmo sabê-las
trocar entendimentos...

Mas deste plano
até mesmo dos humanos
muito pouco conheço
que dirá dessas folhas
que viveram no ar
com o espaço a lhes embalar
e receberam seivas do chão
com idade de mais de milhão
de experimentação?!

Ainda preciso freqüentar
muitas escolas da vida
para poder conversar
com uma folha caída...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pode ser de brincadeira / por O.Heinze

Quero de ti
o açúcar no beijo
o perfume nas maçãs
o cravo nos olhos
a canela nas pernas
a calda na emoção
o fogo na paixão.

E eu, pobre de mim...
só lhe darei minha fome
minha alma toda assim
pedindo... me come!

Darei também meu amor
o verdadeiro
o falso acabou em fevereiro.

Quer casar comigo?
Pode ser de brincadeira.
Aí, quando ficar sério
a gente fica de bobeira...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Súplica / por O.Heinze

Cansei de falar concreto
gritar coisas estúpidas
sigo calado, discreto
rezando minhas súplicas

Assim...

Pensei que o mundo fosse de todos
gentes, bichos, flores, anjos
mas os demônios já nem disfarçam
nem usam mais peles de ovelhas
usam as próprias peles
com ouro até as orelhas.
Roubaram o mundo do mundo
usando línguas de facas e olhos de fogo.
Não sabem mais falar de amor
nem vêem que crianças são crianças.

E é pelas crianças que eu peço
oh céus, por elas que eu peço...

Quando as crianças voltarem
os bichos ficarão salvos
as flores voltarão perfumadas
os anjos pousarão por aqui
e os mundos serão para todos...

EU VOU CONTAR - música de e cantada por Osvaldo Heinze

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Para quem gosta de crônica... Lá vai: "A mulher de branco"

A mulher de branco / por O.Heinze

Aquela fora uma noite diferente. Ouviu-se até alguém gritar: - “Tragam minha arma!” Viu-se também um jovem que desabou ao chão tamanho o drama daquela noite.
Bem... As coisas passaram-se mais ou menos assim...
Numa sexta-feira sem luar, às 20h00 pontualmente, meu tio Zezinho, meu irmão George e meu primo Ivã, viram nitidamente em destaque com a escuridão, o vulto de uma mulher toda de branco da cabeça aos pés. Usava um vestido longo ou uma camisola, mas seus pés não eram vistos tocando o chão, pois ela flutuava a um palmo do solo. Passara lentamente pela rua escura, pois os postes de luz ainda não tinham a energia ligada. Ao chegar ao mato alto mais à frente, soergueu-se e flutuou sobre o mesmo, distanciando-se até desaparecer longe...
Não foram eles as primeiras pessoas a depararem com a tal mulher de branco, era uma história bem comentada nas redondezas ali no Jardim São Fernando da cidade de Itanhaém no litoral sul paulista.
Isto que vos conto aconteceu pelos anos de 1973 e estava deixando os moradores e os veranistas receosos, haja vista que as sextas à noite evitavam sair, principalmente sozinho.
Nossa casa de praia fica situada nesse local, a dois quarteirões do mar e daí dá-se até para escutar o sussurrar das ondas durante o dia e a noite. Hoje o local já está tomado de casas, mas nesse ano referido, só existiam ali três casas, incluindo a nossa. Também havia um terreno grande cercado com arames-farpados onde as pessoas sócias iam acampar. No resto eram ruas de areia e terrenos de loteamento com mato de altura de um metro ou mais e uma infinidade de coqueiros por toda parte, onde uma grande variedade de insetos, pássaros e pequenos animais viviam livremente. Um paraíso de ar puro e mar de águas azuis e transparentes.
Nossa casa também era cercada de arame e na entrada tinha um portão de madeira de duas folhas. Tirávamos água de um poço artesiano com uma bomba manual, por não haver energia e nosso banho de água doce era frio. À noite acendíamos lampiões a gás e de querosene para iluminar os ambientes. Fora acendíamos uma fogueira grande para espantar cobras desavisadas e pernilongas mal intencionadas.
Quem estava usando nossa casa naquela semana era meu tio Zé com minha tia e seus três filhos. Meu irmão mais velho que nessa época tinha dezesseis anos, fora junto para ajudar no funcionamento da casa, pois alguns detalhes só nossa família conhecia para que tudo corresse bem.
Quando eu, meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo chegamos a casa na semana seguinte, soubemos do ocorrido e nos intrigamos... Como nada era provado, devagar o assunto fora esfriando.
Três dias depois meu tio Edgard chegou com sua família: minha tia, meu primo, minhas duas primas, o namorado de uma delas, minha avó, meu avô, mais o papagaio. A casa lotou!!! Lembro que na hora de ir dormir ficavam camas de armar para todos os lados, mais duas poltronas e um sofá que armavam também e ainda uma cama de solteiro e outra de casal. Eu me sentia seguro dormindo debaixo da mesa da cozinha, pois era cercada por bancos de madeira e lá ninguém me pisava ao andar durante a noite. Punha no chão o colchão e nem via a noite passar.
Contávamos então com dezoito pessoas e um papagaio!
Deixamo-los cientes sobre o caso da mulher de branco e meu avô que sempre foi chegado a essas histórias, pois sempre foi contador de causos desse tipo logo quis intervir com suas rezas de proteção! Minha avó mais que depressa remendou:
-Deixa isso pra lá Chico! Nem pensa em mexer com essa coisa!
O fato é que na quarta-feira seguinte, umas 19h30min, depois de jantarmos, eu mais meu primo fomos passear a beira-mar com duas mocinhas que passavam as férias com sua família na casa da frente da nossa, do outro lado da rua.
Andamos tranqüilamente pela praia deserta olhando as estrelas que apareciam mais do que nunca naquela noite de lua nova. A escuridão da noite realçava-as lindamente, tamanha era a limpeza do céu. Então delas formavam-se nebulosas sem conta... Das ondas do mar realçava o branco da espuma e seu cântico interminável... O ar de verão morno trazia uma maresia que fazia nossos pulmões leves e a poesia da vida enchiam de emoção nossos corações adolescentes. Tudo eram paz e perfeição!
Enquanto caminhávamos, falávamos sobre vários assuntos, inclusive da tal mulher de branco que todos achavam ser uma assombração!!!
Apesar dos dezesseis anos de meu primo e os quatorze meus, queríamos parecer já valentes e meu primo mostrando-se o tal disse de peito cheio:
-Ah se essa mulher de branco aparece... Pomo-la para correr! Não é Osvaldo?
Eu para não ficar para trás e mostrar-me um bom partido para as garotas, confirmei:
-Claro! Pomo-la para correr de tal modo que nunca mais aparecerá por estas bandas! E íamos de peito estufado ao lado das meninas que riam de nossas prepotência e audácia.
Acredito que já eram ali pelas 20h30min, quando entramos na nossa rua voltando para nossas casas. Na calma da noite só ouvia-se o barulho do mar e a orquestra de grilos no mato. A uns vinte metros dos portões que dão entrada para os nossos terrenos, só se via a luz tênue dos lampiões que atravessava as arestas das venezianas das casas e a fraca fogueira que ainda teimava em queimar. Estranhamente não havia ninguém fora das casas, tudo estava deserto.
Ao lado do terreno da casa das meninas havia uma pilha alta de blocos de construção, pois eles estavam ampliando a casa e foi justamente daí de trás que surgiu não uma, mas duas mulheres de branco andando lentamente para nossa direção. Um frio fulminante cortou minha alma e como consegui ainda correr dez metros no sentido delas para poder entrar no terreno de casa, não sei! Lembro que perdi os chinelos e que minhas pernas não corriam, mas “voavam” e gelavam ao mesmo tempo. As duas mocinhas que nos acompanhavam paralisaram no lugar abraçadas uma a outra chorando convulsivamente. Meu primo fugiu das tais mulheres seguindo no sentido da praia, mas depois de uns dez metros suas pernas amoleceram e ele gritou alto: -Mãããnheeee!!! Desabando ao chão meio desfalecido feito um saco de batatas.
Atravessei o terreno de casa como um raio e cheguei à varanda onde escondidos atrás da parede estavam minha tia Vilma e meu tio Zezinho rindo de morrer e quanto mais os chamava à atenção, avisando das mulheres de branco lá fora, mais eles se dobravam de rir...
Entrei em casa e o restante do pessoal estava alheio a tudo. Percebi que entre eles faltava minha prima Elizabete e meu irmão mais velho George. Aí a ficha caiu!!! Lembrei que a mulher de branco, pelo que se contava, só aparecia às sextas-feiras às 20H00 em ponto e estávamos numa quarta feira às 20h35min. Para tirar qualquer dúvida minha, ao olhar para fora de casa vi chegando esse irmão e essa prima descobrindo-se das colchas brancas que tanto tinham nos aterrorizado!
Saldo da brincadeira de mau gosto: Eu com minha coragem arrasada e meu coração descompassado; as meninas em estado de choque; o pai delas gritando: -“Tragam minha arma!” Pois pensava que a mulher de branco ainda estivesse por ali; meu primo arrasado no seu orgulho, de joelhos ainda ao chão e meu tio e minha tia, articuladores da façanha, todinhos urinados nas calças de tanto rir.
Até hoje não se sabe se as aparições da mulher de branco
eram verdadeiras, mas esta história da minha família é verídica e ao ser lembrada faz todos rirem a beça.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


"Amendoim"
modelagem em argila
por O.Heinze

Crianças contemporâneas / por O.Heinze


E em vendo muitas crianças

na pobreza, na desesperança,

em um não sei o que, menos crianças,
senti vontade de fazê-las
estarem na idade delas

para que os parques pudessem tê-las

e não os faróis e favelas.

Mesmo que sejam mentiras
os anjos, fadas e contos,

mas, que estejamos prontos

para exterminar o que tira

a inocência dos inocentes,
para assim viverem docemente

num mundo de luzes e cores,

brincadeiras e sabores.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A Cigarra - Texto e Música de O.Heinze para crianças

A Cigarra (letra)


Descobri que a cigarra

não é bicho preguiçoso

o seu tempo é precioso

passa a vida trabalhando.

Quando chega o tempo quente

ela põe numa sacola

microfone e viola

e vai as férias planejando...

Saindo lá da terra

onde fica a sua casa

vai numa árvore bela

pois agora já tem asas

no galho alto ela

sente aquele calorão

então solta a goela

mais o som do violão...

Cantando assiiimmm...

Um, dois, três, chegou a minha vez

vou cantar muito agora em cigarrês

Quatro, cinco, seis, por quase todo o mês

irei cantar alegre pra vocês (bis no refrão)

Assiiimmm...



Música de Osvaldo Heinze
de Novembro/2007.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fazer trilha é fantástico! Faz bem pra tudo: pulmão, coração, olhos, alma... Conhece-se um mundo novo da natureza fora e dentro de você. Pratique!!!

Contemplação / por O.Heinze

As flores do campo
se inclinam ao vento
majestade invisível
condutor de aromas
dono de pensamentos.

Já os gira-sóis pesados
no orgulho do seu ouro
dão só atenção ao sol
sorvendo sua riqueza
gratuita de vida acesa.

E no ar da liberdade
voam cantos e insetos
meus olhos perdidos
meus sonhos escapados
de poder ser incontido.

A lagoa amansa inteira
é dia de fazer nada
e ficando toda espelhada
captura de ponta cabeça
tudo além da beirada.

Me pergunto sempre
sou parte integrante daqui?
As flores não se viram
nem deitam para mim.

Talvez me falte luz
talvez me falte espelho
sair da minha cruz
levantar dos joelhos...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mexicano e charuto de mentira.


Juro que o charuto é de mentirinha.
Afinal, não fumo, não bebo,
sou lácteovegetariano.
Mas brincar sem parar?
Ah... nisso sim sou viciado!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

letra: Vamos pra México

Vamos pra México, comer comida caliente

vamos pra México, fazer cosas diferentes

vamos pra México, usar lo sombrero

vamos pra México, vaiar el torero

vamos pra México, tocar la guitarra

vamos pra México, ganhar pesos na marra

vamos pra México, encher lingüiça

vamos pra México, ficar com preguiça

vamos pra México ser mexicano

passar lá frontera e virar americano

vamos pra México ser mexicano

passar lá frontera e virar americano..

vamos pra México, pegar melancia

vamos pra México, fugir da policia

vamos pra México, ver de perto el zorro

vamos pra México, saber fugir del toro

vamos pra México, ficar bem esperto

vamos pra México, vender água no deserto

vamos pra México, sambar nas cadeiras

vamos pra México, acampar em la frontera

vamos pra México ser mexicano

passar lá frontera e virar americano

vamos pra México ser mexicano

passar lá frontera e virar americano...

Osvaldo Heinze 21/10/2000.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

fotografia de O.Heinze

A borboleta e a sombra / por O.Heinze
Não ter que fazer da vida
é filosofar na borboleta colorida
voando num dia ensolarado
enquanto sua sombra esquecida
se arrasta no cimentado
talvez tentando reviver
o tempo de lagarta, passado!...
Ora, que bobagem a minha!
Borboletas não contam dias.
E suas sombras então?!
Nem imaginam quê são...
Se sequer um dia voarão...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Flores de Marte - Dissertação de escultura ecologicamente correta.

Sempre gostei de circo - Pena eu não ser um palhaço sério...

Levando a bicicleta para dar uma voltinha de O.Heinze


A rua da minha vida / por O.Heinze

Debruçado na janela da minha vida
fico lembrando minha rua preferida
e nela me vejo tão criança
repleto de terna esperança
e me assisto sorrindo e correndo
ou parado, chorando e sofrendo.
Brincando, pulando, gritando
ou escondido, quieto e sussurrando.
Até leio o pensamento do eu pequenino
de que quando for grande
será rico, famoso e importante
e se imaginando parece até me ver
adulto ali na janela do futuro.
Então digo para seu ser
que da maneira como é puro
já é rico, famoso e importante,
nem precisa esperar crescer,
eu é que preciso ser pequeno o bastante
para novamente minha criança merecer.

sábado, 2 de outubro de 2010

Chamo-me Fauna Flora / por O.Heinze

Não me convidem
para festas de humanos
quero outros bandos
tenho belos planos.
Prefiro rir com hienas
cantar com seriemas
chorar como os lobos
sou ambientalista, sou bobo.
Quero visitar vários ninhos
brincar com golfinhos
viajar com baleias
ser salmão nas corredeiras.
Estar na farra de maritacas
no desembestar das vacas
na peraltice de guaxinins
na trupe de pingüins.
Na solidão do peixe-boi
antes da extinção no que foi.
Imigrando com gansos
e em lagos mansos
flutuar com castores
nadar com todos nadadores.
E com liberdade voar
com todos os seres do ar.
Quero também me salgar
como os moradores do mar
e ainda entrar na terra
feito todo ser que se enterra
e então poder nascer de novo
da luz, do éter, do ovo...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O tapete mágico / por O.Heinze

Num dia de sete cores
deitei todo preguiçoso
num tapete de flores
sob jacarandá mimoso.

Talvez da primavera
eu não quisesse
o viço da hera
que tenra floresce

mas o que já é flor
você à perfumar
você com tua cor
atraindo meu voar.

Em ti então pousei
minha alma alada
e tanto, tanto amei
tua energia me dada

que explodi de paixão
acordando na verdade
do tapete no chão
do parque da cidade...
As lágrimas falam / por O.Heinze

Não tendo por que chorar
chorei para o amanhecer
talvez tentando dizer
do poder ser, poder estar...

Feliz, pois em mim havia
lágrimas de pura prata
escorrendo em cascata
pousando numa teia fria.

Tão só feito uma aranha
na teia da bendita vida
fios da alma incontida
onde a emoção me ganha.

É preciso saber morrer
para nascer de verdade
e viver com liberdade
para morrer de prazer.

Por isto choro assim
pois sou tudo e nada
sou essa teia molhada
sou criação sem fim...

terça-feira, 24 de agosto de 2010


Entre Céu e Inferno
Tela de O.Heinze
de Ago/2010


O dia / por O.Heinze

O dia só começou a existir
quando o ar encheu de pássaros
o sol perdeu a vergonha de sair
o sereno fugiu dos telhados


as estrelas sumiram no lume
as flores passaram perfume
o céu tirou o pijama amarelo

pos terno do azul mais belo
e levou as nuvens para passear
junto com a oração do meu olhar.

O dia só foi plenamente dia
quando eu não quis existir só em mim
e fui viver na paisagem que via
desfazendo a saudade de mim nela
e também a saudade dela em mim

então livres sinos badalaram
os de bronze
e os de bonança
as coisas comigo juntaram
e o dia nasceu da esperança...

Somente para as flores
eu me rendo
O.Heinze


Agosto dá gosto / por O.Heinze

Entre os perfumes
da laranjeira e limoeiro
vai meu corpo inteiro
com a alma em lume

viajando como fragrância
rumo à meia lua

crescente e tão nua
ali à pouca distância.

Nessa hora dezesseis
os pássaros vão amuando
o sol está cansando
do mundo lindo, eis!

Então pleno de asas
vôo a qualquer sorte
grátis e sem passaporte
nesse poente em brasas...

domingo, 1 de agosto de 2010


Portas ou janelas? Escolha! / por O.Heinze

Já destranquei tantas portas
e cheguei a nenhum lugar
já as janelas vivas ou mortas
passei sem chaves usar.

Portas, como palavras faladas
usam de um canal passador
mas janelas são encantadas
igual poesia do amor.

Feliz da casa com uma porta
fechada para a arrogância
e mil janelas, mesmo que tortas
escancaradas de infância.

Meu travesseiro me contou
que sonhei com uma janela
e falei que ela falou
que vida só vive por ela...

terça-feira, 6 de julho de 2010


Humanos desumanos / por O.Heinze

Eles colecionam liberdade
guardando-a como
borboletas empaladas
aves empalhadas...

Fazem arte na maldade
em grande escala
pichando mares
descolorindo lugares...

Deveriam colecionar selos
que também voaram
deveriam eximir a si mesmos
obras más que se criaram...

Humanos desumanos!
Empobreçam os urânios!
Rasguem os velhos planos!
Enriqueçam vossos crânios!

Desusem vossos aquários
as modas de couro
os aviários
os matadouros...

Queimem o capitalismo
sufoquem vossas más paixões
enjaulem vosso egoísmo
impludam vossas pedras-corações...

João Bobo / por O.Heinze

Eu não tenho nada
para fora de mim
além de roupa usada
e estrada sem fim.


Quanto mais ando
mais preciso andar
me pergunto quando
vou me encontrar?!


Já dei tantas voltas
nesse imenso globo
por que não me solta
prisão de Joãos Bobos?


Afinal sou criança
de cinqüenta anos
e minha esperança
desbotou nos planos.


Se for para rodar
que seja na ciranda
não precisa pagar
ninguém manda/desmanda...

sexta-feira, 4 de junho de 2010


Oração para bons anjos daqui / por O.Heinze

Oh nobre e sóbria borboleta
empresta-me bem tuas asas pretas
para eu voar na madrugada
sob luz da lua enluarada.

Rica borboleta colorida
dona das flores soltas na vida
empresta-me tuas asas de cores
para eu encontrar meus amores.

Rara borboleta sorridente
de asas secretas, transparentes
enquanto sorvemos poesia
empresta-me tuas pernas roliças
para fazer minha fantasia
andar com tuas desnudas preguiças.

Empresta-me teus bondosos seios
para eu pousar meus devaneios
e sonhar que estou transmutado
no mais sublimado ser alado...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Gelo seco / por O.Heinze

Pelo que me estimulas
no super do eu homem
nada uso do meu pólen
e meu ego anula, anulas...

Minha ânsia não come
só a fantasia ejacula
sinto solidão de mula
sem nome sinto fome...

Sou homem ou sou mula?
Existo ou sou fantasia?
Coma-me, mulher fria!
Mata toda minha gula...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nem homem, nem anjo / por O.Heinze

Quando o vento falou
pelas folhas nas árvores
eu entendi claramente
que o tempo mutaria...

tempo de não ser Humano
ser além de apenas isso
renascer Doisano, Tresano
usar da alma todo viço.

Falcões dançam com o ar
cantam com a liberdade
lagartas provam que voar
é simplesmente vontade.

E tu, e eu, vamos bailar
cantar, sermos livres em nós?
Provaremos cores ao voar
saberemos desatar os nós?

Por que tudo que é gratuito
não achamos interessante?
Será que pagar o circuito
da mesmice é gratificante?

Acordes sem despertador!
Ilumine tuas células...
Acordes não sentindo dor!
Ilumine, vidas incrédulas...

domingo, 25 de abril de 2010

Trevo de três / por Osvaldo Heinze

Que manhã bela àquela
os bem-te-vis se viam
as flores todas sorriam
porque a vida era delas

Gemiam sem dor três sinos
desfazendo sem desfazer
o silêncio de prazer
no acordar dos santos ninhos

Sabia minha intuição...

Crianças saltavam da cama
em busca de ovos coloridos
botados por coelhos fugidos
escondidos cá fora nas ramas

Lá no começo desta lembrança...

Vi trevos de três folhas, fortes
quem disse que não trazem sorte
poderia haver mais sorte que essa
estar naquela manhã em festa?

Ah se de quatro o trevo fosse...
Teria voltado correndo mostrar
só que a lembrança não iria lembrar
dessa manhã perfeitamente doce...
Planeta Nu / por O.Heinze

Existem pessoas neste planeta
que parecem simples mortais
mas que incrivelmente viram
super-heróis, super-heroínas
ao vestirem roupas de marca
tornando-se poderosos
cheios de si
e voando no status
vêem tudo do alto.

Eu também me transformo
num conhecido super-herói
e também vou alto
enquanto escalo montanhas
feitas de jeans barato
e encontro uma calça perdida
que me dá para a conta.

Um dia ainda vou voar
até o Planeta Nu
lá não se usa roupa
vestem-se da própria Luz
uns vivem aureolados
outros passam crus...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Picolé humana / por O.Heinze

Já que não posso ainda
estar dentro de ti
no modo de amor que brinda
ou da paixão que sorri
fico daqui de fora
num calor que demora
com meu gordo olhar
deslizando no jambo
da tua pele à suar
e te lambo, lambo
com minhas idéias
doces iguais colméias
esperando pacificamente
que teu caminho solitário
erre o costume diário

cruzando com o meu à frente...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


O encantador de borboletas / por O.Heinze

Não carrego flores
essências

tons multicores
luminescências.


Estou andarilho
na selva de cimento
por onde trilho
faço encantamento...


e atraio borboletas
de cores intensas

rosáceas, violetas
pequenas ou imensas...


Andando por este sonho
notei que uma não me quer

tem medo que a magia que ponho
possa transmutá-la em mulher...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Noventa e nove, cem! Lá vou eu... / por O.Heinze

A única diferença
entre mim e a criança
é que por fora
aparento cinqüenta
pois por dentro
sou tão ou mais criança.


Então me virei do avesso
guardei a maturidade dentro
e libertei minha inocência.


Sorri para as pipas
toquei campainha e corri
comprei goma de mascar
e gibi cheirando a novo
olhei enquanto contava até cem
trapaceei no jogo com dados
relembrei algumas dobraduras
e o cheiro do giz de cera...


Quando guardei a mim criança
e vesti meu eu cinquentão
me senti desamarrotado
mais doce e iluminado...
O sapo encantado / por O.Heinze

Sou um sapo encantado
na alameda da vida
tentando chamar a atenção
da paixão de uma princesa
que com seu beijo mágico
faça eu me sentir um príncipe...

Mas qual me quereria
se não falo inglês, espanhol
não tenho carro do ano
sequer tomo anabolizantes?...

Qual me aceitaria
sem uma faculdade
casa própria e de veraneio
cartões de crédito
e nove dígitos na conta?

Que adianta ter em mim
todo amor universal
a transparência da honestidade
a palavra de honra de um sapo
se não sou o homem sonhado???...