Translate

domingo, 29 de março de 2015

Essas areias tão sós / por O.Heinze

Na vastidão da praia
olho para o chão
onde milhões de partículas
vem e vão com a água
com o vento, com o tempo...

Essas areias tão sós
não guardam ninguém
nem mesmo as lembranças
de nossos risos e cantos
roubados pelas ventanias
nem nossas lágrimas
que lhes infiltraram, evaporando
nem nossas pegadas
lavadas pelas marés...

Na praia somos todos iguais
temos os mesmos castelos
as mesmas estrelas
o igual abraço das ondas
o mesmo universo
e a melhor liberdade
ao olhar o barco, o horizonte
e ainda mais longe... tão longe...
que esquecemos do eu adulto
e reencontramos o eu criança...

domingo, 22 de março de 2015

O cravo e a rosa / por O.Heinze





Só porque você nasceu
feita uma rosa negra
e eu um cravo branco,
não somos quistos
vivendo no mesmo jardim.
Mas se nossa seiva é igual
nossa essência, princípios,
qual poderia ser o mal?
Entre nós... Precipícios!
E saber que tens perfume,
enquanto eu, nada!
Teus espinhos sequer ferem.






Mas há plantas idolatradas
com espinhos enrustidos
Malditas, ervas daninhas,
que vivem a sufocar
as plantas de amor puro!


Sonho em podermos morar
numa jardineira só,
com vista para a liberdade,
num solo de igualdade,
sem medo e sem dó.


sexta-feira, 20 de março de 2015

O namoro

...E lá estava ela
me esperando tranquila
no gramado do parque.
Em pé e totalmente desnuda,
sob um céu inteiro azul
e um sol de onze horas.

Emocionado me aproximei
e sem perder tempo
abracei-a com força,
com todo meu amor
e assim ficamos
por um longo tempo...

Depois a beijei com carinho
e me afastei lentamente
olhando-a de baixo ao alto
enquanto tentava, talvez saber,
o que ela sentia por mim...

Disse-lhe então que voltaria
para vê-la com folhas
no auge da primavera...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Balas perdidas de açúcares / por O.Heinze

Onde se perderam as balas
de açúcares em lindas embalagens,
que docemente deveriam alcançar
as crianças carregadas de amor,
nas escolas, parques em flor,
lares, ruas, santuários e morros?
Neste meu grito de socorro
clamo aos corações de anjos:
espalhem balas doces aos jorros
onde houver ainda crianças.
Crianças de meses ou ainda,
crianças de dez, vinte ou trinta
anos e mais anos sem açúcares.
Crianças de oitenta ou cem,
que esperam de qualquer alguém,
mais doçura de coração e alma.
Mais abraços de palma com palma,
das mãos puras e inocentes,
que jamais apertariam gatilhos
que não fossem de bondade,
desencadeando velozmente
uma nova humanidade,
feita toda de docilidade.

Só podemos lamentar mesmo,
esses que disparam balas de metal
a esmo, esquecendo que, afinal,
poderia atingir um seu filho, mãe ou pai,
pois não importa quem lá adiante vai,
deveria ser tratado como criança sua,
igual ele criança que brincava na rua
e nem pensava de uma arma usar,
só pensava em brincar... brincar...