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domingo, 29 de julho de 2012

Para sempre / por O.Heinze

Vou vivendo para sempre
eternamente vivendo.
E nesta eternidade minha
senti uma terna idade.
E ter na idade assim
tanto tudo e tanto nada
fez querer saber mais de mim.
Fui lá para frente
num futuro, e ter na mente
todas as respostas do que serei.
E a cada tempo em que me acho
estou menos pedra e arrogância
e mais luz e fragrância.
Descubro que dentro do futuro
existe um futuro mais futuro
onde nem tenho mais forma.
Sou apenas clarão emanando vida
para quem ainda é pedra distraída.
Quando me busco mais além
já estou uma explosão Big Bang
nascendo em outros trilhares de pontos
desses universos intermináveis.
Percebo nesta fração de existência
que a criação ri de mim
que meu eu também ri de mim
pela minha pressa em viver
algo que ainda tanto precisa morrer...

sábado, 21 de julho de 2012

Espelhos e vidraças / por O.Heinze

Quando meu casamento era jovem
sentia feliz que cônjuge e filhos
olhavam para mim igual feito num espelho.
Em mim se encontravam nitidamente
e como que para se acharem me procuravam.
Ao passar dos anos essa busca diminuía
parecendo ser mais difícil se acharem em mim
e mais e mais fácil se encontrarem nelas.
Notava que a tinta prata do espelho
pouco a pouco se desfazia do vidro
até eu me tornar apenas uma vidraça
com fraco reflexo e a embaçar com o tempo.
Hoje me sinto tão pouco olhado e então lembro
dos meus pais enquanto eram meus espelhos
enquanto eram minhas vidraças embaçadas
e quando voltaram a ser meus espelhos novamente.
Um dia todos seremos vidraças
e de uma transparência muito limpa
que até poderão ver através de nós todo céu
enquanto lembranças dos espelhos
ficarão refletindo nos corações saudosos.

domingo, 15 de julho de 2012

Entre a terceira e a quarta dimensões / por O.Heinze

No alto de uma montanha intocável
que somente por pensamento se pode ir
ovelhas e nuvens brancas andam juntas
ora parecendo voar, ora parecendo no chão.
Numa lousa azul feita de puro céu
a paz é escrita por borboletas
e flores sempre-vivas jamais adormecem
sobre o esmeraldino tapete de relva.
O ar é o alimento dos que aqui existem
tempo é algo que não se conta
e campainha nem há, mas toca
a campainha toca pela segunda vez
fazendo-me descer da montanha alta
para minha sala a quase nível do mar.
Abro a porta e alguém muito sorridente
quer me vender coisas pesadas
dessas que se usam nas grandes cidades
igual a que vejo por detrás do vendedor.
Agradeço, fecho a porta e me sento
entre a terceira e a quarta dimensões
tentando lembrar que dia é hoje mesmo?!

domingo, 8 de julho de 2012

Fábrica de Borboletas

Minha tela a óleo finalizada em Julho de 2012.




















Título: Fábrica de Borboletas.
Dia blue / por O.Heinze

O dia era blue, beautiful.
Então os sóbrios pardais
vestiram do mais puro azul
enaltecendo os quintais.
Os céticos, pobres de alegria
disseram ser pássaros sanhaços.
Que culpa temos eu e poesia
se estávamos aos abraços?!
Por dentro do meu ser
tudo era magnifique, wumderbar
num amor que chegava a doer
de uma sensação sem par.
Bicos-de-lacres em lindo tom
eram para mim coleirinhas
com lábios de coral batom
soando doces campainhas.
Enfim, nesse dia wonderful
os sérios viviam da razão
enquanto minha loucura azul
era tão somente emoção.

domingo, 1 de julho de 2012

Porque metade de mim é noite








 fotografia de O.Heinze












Porque metade de mim é noite / por O.Heinze

A noite me é mais
muito mais que isso:
esse azul profundo;
essas estrelas perdidas;
perfume doutro mundo;
quatro luas distraídas;
contraste de pirilampos;
cantares de insetos;
silhuetas dos campos;
das mariposas o teto;
espaço de fantasias;
sinônimo de madrugada;
inspiração de melodias;
paixão desenfreada.
A noite é meu poder;
metade do meu rosto;
meia alma de meu ser;
templo de rir e desgosto.
A noite me é muito mais:
é o silêncio que comunica;
o vazio que completa;
o infinito que ilumina.